Há muitas coisas que necessitam ser corrigidas nas Associações de Colúmbia e do Norte do Pacífico. [Esses territórios atualmente formam a União do Norte do Pacífico.] O Criador esperava que esses irmãos produzissem fruto de acordo com a luz e os privilégios concedidos, mas ficou desapontado. Ele lhes deu todas as vantagens, mas eles não se aprimoraram em mansidão, piedade e beneficência. Não seguiram tal conduta, não revelaram esse caráter, nem exerceram aquela influência que honraria mais a seu Criador, enobreceria a si mesmos e os faria uma bênção aos semelhantes. Há egoísmo em seu coração. Gostam de seguir os próprios caminhos e buscar comodidades, honras, riquezas, e seu prazer nas mais rudes ou refinadas formas. Se seguirmos a conduta do mundo e a tendência de nossa mente, será isso para nosso maior bem? Não terá Deus, que formou o homem, algo melhor para nós?
"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados." Efésios 5:1. Os cristãos devem ser como Cristo. Devem ter o mesmo espírito, exercer a mesma influência, e ter a mesma excelência moral que Ele possuía. Os idólatras e corruptos de coração precisam se arrepender e voltar-se para Deus. Os que são orgulhosos e cheios de justiça própria devem humilhar o eu, arrepender-se e tornar-se mansos e humildes de coração. Os que têm a mente voltada para as coisas do mundo, precisam fazer com que os laços do coração sejam arrancados do lixo, ao redor do qual eles se apegaram, e se entrelacem em Deus; eles precisam voltar a mente para as coisas espirituais. Os desonestos e mentirosos precisam se tornar justos e verdadeiros. Os ambiciosos e avarentos precisam esconder-se em Jesus e buscar a Sua glória, e não a deles mesmos. Eles precisam menosprezar a própria santidade e ajuntar tesouros no Céu. Os que não oram precisam sentir a necessidade tanto da oração secreta como da familiar, e precisam fazer suas súplicas a Deus com muito fervor.
Como adoradores do Deus verdadeiro e vivo precisamos produzir frutos que correspondam à luz e privilégios que desfrutamos. Muitos estão adorando ídolos em lugar do Senhor do Céu e da Terra. Qualquer coisa que os homens amem e na qual confiem em vez de amarem ao Senhor e nEle confiarem integralmente, torna-se um ídolo e como tal é registrado nos livros do Céu. Até mesmo as bênçãos freqüentemente se tornam maldição. As afinidades do coração humano, fortalecidas pelo exercício, são às vezes pervertidas a ponto de se tornarem uma armadilha. Se alguém é censurado, sempre há quem se compadeça dele. Eles passam inteiramente por alto o dano efetuado à causa de Deus pela influência maléfica de alguém cuja vida e caráter de modo algum se assemelha à do Modelo. Deus envia os Seus servos com uma mensagem àqueles que professam ser seguidores de Cristo; mas alguns são filhos de Deus apenas no nome, e rejeitam a advertência.
Deus dotou o homem com um maravilhoso poder de raciocínio. Aquele que capacitou a árvore a produzir sua colheita de bons frutos, criou o homem apto a produzir os preciosos frutos da justiça. Ele plantou o homem em Seu jardim, e carinhosamente teve cuidado dele, e esperou que produzisse fruto. Na parábola da figueira Cristo diz: "Há três anos venho procurar fruto." Lucas 13:7. Por mais de dois anos tem o Proprietário buscado pelo fruto ao qual tem direito de esperar dessas associações. Mas como sua procura tem sido recompensada? Quão ansiosamente observamos uma árvore ou planta predileta, esperando que ela recompense nosso cuidado produzindo botões, flores e frutos; e quão desapontados ficamos ao encontrar apenas folhas. Mas com que maior ansiedade e meigo interesse não observa nosso Pai celestial o crescimento espiritual daqueles que Ele criou a Sua própria imagem, e pelos quais consentiu em dar o Seu Filho, para que pudessem ser exaltados, enobrecidos, e glorificados.
O Senhor tem seus agentes escolhidos para ir ao encontro dos homens em seus erros e apostasias. Seus mensageiros são enviados a dar um claro testemunho a fim de erguê-los de sua condição de desinteresse e abrir-lhes as preciosas palavras da vida, as Escrituras Sagradas, à compreensão. Esses homens não são meramente pregadores, mas pastores, portadores de luz, vigilantes fiéis, que verão os perigos ameaçadores e advertirão o povo. Precisam eles assemelhar-se a Cristo em seu diligente zelo, tato amável, esforços pessoais, em suma, em todo o seu ministério. Necessitam estar em vital ligação com Deus e tão familiarizados com as profecias e as lições práticas do Antigo e Novo Testamentos, que possam sacar do tesouro da Palavra de Deus coisas novas e antigas.
Alguns desses pastores cometem erros no preparo de seus sermões. Exploram cada minúcia com tal exatidão, que não dão espaço ao Senhor para conduzir e impressionar sua mente. Cada ponto é estabelecido, estereotipado, por assim dizer, e eles não conseguem sair dessa linha planejada. A continuar assim, produzirão para si mesmos estreiteza de mente, limitados pontos de vista, e em breve ficarão destituídos de vida e energia como os montes de Gilboa de orvalho e chuva. Eles devem abrir seu coração e permitir que o Espírito Santo tome posse para impressionar a mente. Quando tudo é assentado de antemão, e eles sentem que não podem alterar essa linha de sermões, o efeito é pouco melhor do que aquele produzido pela leitura de um sermão.
Deus gostaria que esses pastores fossem totalmente dependentes dEle, mas, ao mesmo tempo, deveriam eles estar integralmente providos para toda boa obra. Nenhum assunto pode ser tratado diante de todas as congregações da mesma maneira. O Espírito de Deus, se Lhe permitirem fazer Sua obra, impressionará a mente com idéias adequadas para atender os casos daqueles que estão em necessidade. Mas os sermões formais, insípidos, de muitos que usam ao púlpito, têm muito pouco do vitalizante poder do Espírito Santo. O hábito de fazer esse tipo de sermão destrói efetivamente a utilidade e a capacidade do pastor. Essa é a única razão por que os esforços dos obreiros em _____e _____ não têm sido melhor sucedidos. Deus tem sido impedido de fazer mais para impressionar-lhes a mente no púlpito.
Outra causa do fracasso nessas associações é que o povo a quem o mensageiro é enviado, deseja moldar-lhe as idéias e colocar-lhe na boca as palavras que deve falar. Os vigias de Deus não devem estudar meios de agradar ao povo, nem ouvir suas palavras, nem expressá-las; devem antes ouvir o que diz o Senhor, e qual é Sua mensagem para o povo. Se se basearem em sermões preparados anos atrás, poderão deixar de atender às necessidades do momento. Seu coração deve estar aberto para que o Senhor possa impressionar a mentalidade, e então terão condições de transmitir ao povo a preciosa verdade acolhedora do Céu. Deus não Se agrada com esses pastores de mentalidade estreita, que dedicam a capacidade dada pelo Senhor a assuntos de pouca importância e falham em crescer no divino conhecimento, até a estatura completa de homens em Cristo Jesus. Ele deseja que Seus pastores possuam amplitude mental e verdadeira coragem moral. Tais homens estarão preparados para enfrentar oposição, sobrepujar dificuldades e conduzir o rebanho de Deus, em lugar de serem guiados por ele.
Há ao mesmo tempo muito pouco do Espírito e poder de Deus no trabalho dos vigias. O Espírito que caracterizou a maravilhosa reunião no dia de Pentecostes, está esperando a fim de manifestar o Seu poder sobre os homens que agora se acham colocados entre os vivos e os mortos, como embaixadores de Deus. O poder que tão fortemente sacudiu o povo no movimento de 1844 se revelará novamente. A mensagem do terceiro anjo irá avante, não em voz baixa, mas num alto clamor.
Muitos que professam possuir grande luz estão andando em fagulhas de seu brilho. Eles precisam ungir os seus lábios com a brasa viva do altar, para que possam difundir a verdade como homens inspirados. É grande o número dos que vão para o púlpito com discursos sem vida, sem nenhuma luz do Céu.
Há demais da própria personalidade e muito pouco de Jesus nos pastores de todas as denominações. Se Cristo tivesse vindo na majestade de um rei, com a pompa que acompanha os grandes homens da Terra, muitos O teriam aceito. Mas Jesus de Nazaré não ofuscou os sentidos com uma exibição de glória externa, a fim de fazer disso a base de Sua reverência. Ele veio como um homem humilde, a fim de ser Mestre e Modelo, bem como Redentor da raça humana. Tivesse Ele incentivado a pompa, e sido seguido por uma comitiva de grandes homens da Terra, como poderia Ele ter ensinado humildade? Como poderia Ele ter apresentado as verdades candentes que ensinou em Seu Sermão da Montanha? Seu exemplo foi tal que Ele deseja ser imitado por Seus seguidores. Onde ficaria a esperança dos humildes desta vida se Ele tivesse vindo em exaltação, e vivido como um rei na Terra? Jesus conhecia as necessidades do mundo melhor do que as próprias pessoas. Ele não veio como um anjo, revestido da armadura celestial, mas como homem. No entanto, com Sua humildade se achavam combinados inerente poder e grandeza que espantaram os homens que O amaram. Embora possuindo tal amabilidade e modesta aparência, Ele andava entre eles com a dignidade e poder de um rei de origem celeste. As pessoas ficavam assombradas, confusas. Tentavam arrazoar sobre o assunto, mas não se mostrando dispostas a renunciar às próprias idéias, cederam lugar a dúvidas e se apegaram à velha expectativa de um Salvador que viria em grandeza terrena.
Quando Jesus proferiu o Sermão da Montanha, Seus discípulos se aglomeraram em torno dEle, e a multidão, cheia de intensa curiosidade, também procurou se aproximar o máximo possível. Esperava-se algo fora do comum. Rostos ansiosos e disposição atenta evidenciavam o mais profundo interesse. A atenção de todos parecia fixa no Orador. Seus olhos estavam iluminados de inefável amor, e a expressão celestial em Seu semblante emprestava significado especial a cada palavra pronunciada. Anjos do Céu se achavam presentes em meio à multidão atenta. Ali estava, também, o adversário, com seus anjos maus, preparados para neutralizar, tanto quanto possível, a influência do Mestre celestial. As verdades ali enunciadas atravessaram os séculos e têm sido uma luz em meio às trevas generalizadas do erro. Muitos têm encontrado nelas o que a alma mais necessita -- um firme alicerce de fé e prática. Mas nessas palavras emitidas pelo maior Mestre que o mundo já conheceu, não há ostentação de eloquência humana. A linguagem é simples, e os pensamentos e sentimentos se caracterizam por sua extrema simplicidade. Os pobres, os incultos, os mais ignorantes conseguem compreendê-las. O Senhor do Céu Se dirigia em misericórdia e bondade às pessoas que viera salvar. Ele as ensinava como tendo autoridade, falando palavras que continham vida eterna.
Todos devem imitar o Modelo o máximo possível. Embora não possam ter a mesma percepção de poder que Jesus possuía, eles podem de tal modo ligar-se à Fonte de poder que Jesus poderá neles habitar, e eles nEle, e assim Seu espírito e poder serão neles revelados.
Andem na luz como Ele está na luz. É o mundanismo e o egoísmo que nos separam de Deus. As mensagens vindas do Céu são de natureza tal que despertam oposição. As fiéis testemunhas de Cristo e da verdade reprovarão o pecado. Suas palavras serão como um martelo a quebrar o coração empedernido, como um fogo a consumir matéria inútil. Há necessidade constante de fervorosas e decididas mensagens de advertência. Deus deseja ter homens fiéis ao dever. Na ocasião apropriada Ele envia Seus fiéis mensageiros para fazerem uma obra semelhante à de Elias.
Pastores como educadores
O estado de coisas em _____ é causa de grande pesar. Aquilo que o Senhor Se dignou mostrar-me, tem sido de caráter a me causar aflição. Quem quer que ali ou em _____ for trabalhar daqui em diante, terá serviço penoso e precisará transportar pesado fardo, porque a obra, além de não ter sido fielmente realizada, foi deixada inacabada. E isso é mais grave porque o fracasso não foi totalmente devido ao mundanismo e falta de amor por Cristo e pela verdade por parte do povo. Muito desse malogro permanece à porta dos pastores, que, enquanto ali trabalhando, falharam no cumprimento de seu dever. Não possuíam espírito missionário, não sentiram a grande necessidade de ensinar integralmente o povo em todos os ramos da obra, em todos os lugares onde a verdade alcançou posições seguras. A obra feita totalmente por uma pessoa é extensiva a muitas. Mas os pastores não compreenderam isso e falharam em educar as pessoas que, por sua vez, deveriam permanecer firmes em defesa da verdade e instruir outras. Esse modo negligente, frouxo e incompleto de trabalhar desagrada a Deus.
O pastor pode gostar de pregar; pois essa é a parte aprazível da obra, e é relativamente fácil; nenhum pastor, porém, deve ser julgado por sua capacidade de falar. A parte mais difícil vem ao deixar ele o púlpito, no regar a semente lançada. O interesse despertado deve ser apoiado por trabalho pessoal -- visitar, dar estudos bíblicos, ensinar a pesquisar as Escrituras, orar com as famílias e pessoas interessadas, aprofundar a impressão causada no coração e na consciência.
Há muitos que não têm a menor intenção de relacionar-se com vizinhos descrentes e com aqueles com quem entram em contato. Não sentem o dever de sobrepujar essa relutância. A verdade que ensinam e o amor de Jesus deveria exercer grande poder para ajudá-los a vencer esses sentimentos. Precisam lembrar-se de que devem encontrar novamente esses homens e mulheres no Juízo. Será que deixaram de proferir palavras que tinham obrigação de dizer? Têm eles, porventura, sentido interesse bastante pelas pessoas, para adverti-las, fazer-lhes apelos, orar por elas, e envidar todo esforço a fim de conquistá-las para Cristo? Uniram eles discernimento ao zelo, ouvindo a diretriz dada pelo apóstolo: "E salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne"? Judas 23.
Há uma diligente obra a ser feita por todos os que querem ser bem-sucedidos em seu ministério. Rogo a você, caro irmão, ministro de Cristo, que não falhe no cumprimento do dever que lhe foi designado, de educar o povo a trabalhar inteligentemente para amparar a causa de Deus em todos os seus múltiplos interesses. Cristo foi um educador e os pastores que O representam deveriam ser educadores. Quando negligenciam ensinar ao povo sua obrigação para com Deus nos dízimos e ofertas, descuidam de uma importante parte da obra que seu Mestre lhes deixou, e a expressão "servo infiel" é escrita ao lado de seus nomes nos livros do Céu. A igreja chega à conclusão de que se essas coisas fossem essenciais, o pastor, a quem Deus enviou para apresentar-lhes a verdade, lhas teria dito. Assim, sentem-se seguros e à vontade enquanto negligenciam seu dever. Vão contra os expressos reclamos de Deus e, como resultado, tornam-se sem vida e ineficientes. Não exercem influência salvadora sobre o mundo e são representados por Cristo como sal insípido.
Grupos de observadores do sábado podem ser constituídos em vários lugares. Não serão, regularmente, grupos grandes, mas nem por isso devem ser passados por alto. Não devem ser deixados a perecer por falta de esforço pessoal apropriado e treinamento. A obra não deve ser abandonada prematuramente. Vede que todos estejam esclarecidos na verdade, firmados na fé, e interessados em todo ramo da obra, antes de os deixar para ir a outro campo. E então, como fazia o apóstolo Paulo, devem ser visitados com frequência para ver como vão. Oh, a obra negligente que é feita por muitos que pretendem ser comissionados por Deus para pregar Sua Palavra, faz com que os anjos chorem!
A causa poderia estar em condições favoráveis em cada campo, e estaria se os pastores confiassem em Deus e nada permitissem que se interpusesse entre eles e seu trabalho. São muito mais necessários obreiros do que pregadores, mas as duas funções podem muito bem ser unificadas. Tem sido provado no campo missionário que, seja qual for o talento da pregação, se parte de trabalho é negligenciada, se não se ensina o povo como trabalhar, como dirigir reuniões, como desempenhar sua parte no trabalho missionário, como alcançar com êxito o povo, a obra será praticamente um fracasso. Há também muito a ser feito na obra da Escola Sabatina, no que respeita a levar o povo a sentir sua obrigação e fazer sua parte. Deus os chama para que trabalhem para Ele, e os pastores devem guiar-lhe os esforços.
O fato lamentável e evidente é que o obra nesses campos deveria estar anos à frente, em relação à sua situação agora. A negligência da parte dos pastores desanimou o povo, e a falta de interesse, abnegação e apreciação da obra por parte do povo, desencorajou os pastores. "Dois anos de atraso" é o que se acha registrado nos livros do Céu. Esse povo poderia ter feito muito para o avançamento da causa da verdade e conquista de pessoas para Cristo nas diferentes localidades, e, ao mesmo tempo, crescer em graça e no conhecimento da verdade, caso houvessem aproveitado as oportunidades e desfrutado melhor seus privilégios, andando, não com murmurações e queixas, mas com fé e coragem. Somente a eternidade poderá revelar o quando se perdeu durante esses anos; quantas pessoas foram deixadas a perecer por causa desse estado de coisas. A perda é muito grande para ser calculada. Deus foi insultado. Essa conduta infligiu à causa uma ferida que levará anos para ser curada. Se os erros cometidos não forem percebidos e deles não houver arrependimento, certamente se repetirão.
A percepção desses fatos foi uma indizível carga sobre mim, furtando o sono de meus olhos. Às vezes pareceu que meu coração explodiria. Eu apenas podia orar, enquanto provia escape às minhas angústias chorando em voz alta. Oh, sinto-me tão triste por meu Salvador! Sua busca por frutos na figueira, entre os galhos cobertos de folhagens, e o desapontamento em nada encontrar senão folhas, surgiu mui vívido perante mim. Senti não poder suportar isso. De modo algum pude conformar-me com os passados anos de negligência do dever por parte de pastores e povo. Temi que o fulminante destino da figueira no passado pudesse ser o mesmo desses descuidosos. A terrível negligência em fazer a obra e cumprir a missão que Cristo lhes confiou, produz uma perda que nenhum de nós pode dar-se ao luxo de assumir. Esse é um risco tão pavoroso de se ver e tão assombroso de correr em qualquer tempo de nossa história religiosa, mas especialmente agora, quando o tempo é curto e há tanto a ser feito neste tempo de preparo para o dia de Deus. Todo o Céu está ativamente empenhado na salvação dos homens; e luz é enviada por Deus sobre Seu povo, definindo seu dever de forma que ninguém erre o caminho da justiça. O Senhor, porém, não envia Sua luz para que seja zombada e desperdiçada. Se o povo é descuidado, torna-se duplamente culpado perante Ele.
Quando Cristo Se dirigia a Jerusalém, no cume do Olivete, foi tomado de incontrolável pesar, exclamando em entrecortadas expressões, enquanto contemplava a cidade: "Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos." Lucas 19:42. Ele pranteava, não por Si mesmo, mas pelos desprezadores de Sua graça, benignidade e paciência. A conduta seguida pelos endurecidos e impenitentes habitantes da cidade condenada, é semelhante à atitude das igrejas e indivíduos com respeito a Cristo no tempo presente. Negligenciam a Seus reclamos e desprezam Sua longanimidade. Há uma aparência de piedade, há adoração cerimonial, há orações lisonjeiras, mas o poder genuíno está faltando. O coração não foi suavizado pela graça, e se mostra frio e indiferente. Muitos, como os judeus, estão cegos pela incredulidade e não conhecem o tempo da sua prova. Até onde a verdade lhes diz respeito, eles têm tido todas as vantagens. Deus lhes tem apelado ao longo dos anos através de reprovações, advertências, correções e instrução em justiça, mas essas orientações especiais foram dadas apenas para serem desprezadas e colocadas no nível das coisas comuns.
O dever de reprovar os amantes do dinheiro
Muitos que são contados com os crentes não estão realmente com eles em fé e princípio. Estão fazendo exatamente o que Jesus lhes disse para não fazer -- ajuntando tesouros na Terra. Cristo disse: "Não ajunteis tesouros na terra. ... Mas ajuntai tesouros no Céu. ... Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:19-21. Eis aí um perigo que ameaça os cristãos. Eles não obedecem às positivas diretrizes de Cristo. Não demonstram fé genuína em Deus. A fim de obter riquezas acumulam fardos e cuidados, até que sua mente fique quase que totalmente envolvida por eles. Eles estão sequiosos por lucros e sempre aflitos com medo de prejuízos. Quanto mais dinheiro e terras possuem, mais ansiosos ficam por aumentá-los. "Bêbados estão, mas não de vinho; andam titubeando, mas não de bebida forte." Isaías 29:9. Acham-se assoberbados pelos cuidados desta vida, que os afetam como a bebida forte faz com o ébrio. Encontram-se tão cegados pelo egoísmo que trabalham noite e dia para assegurar-se de tesouros perecíveis. Seus interesses espirituais são desprezados; não têm eles tempo para essas coisas. Os grandes temas da verdade não são mantidos em sua mente, como é evidenciado por suas palavras, planos e conduta. O que importa se as pessoas ao seu redor estão perecendo em seus pecados? Isso não lhes é de tanto efeito quanto seus tesouros terrenos. Que as pessoas por quem Cristo morreu caiam em ruína; eles não têm tempo para salvá-las. Ao fazer planos para obter ganhos seculares, mostram capacidade e talento, mas essas preciosas qualidades não são dedicadas a conduzir salvos a Jesus, para a edificação do reino do Redentor. Não estão, porventura, pervertidas as sensibilidades dessa gente? Não estão eles embriagados com a intoxicante taça do mundanismo? Não foi a razão posta de lado e não têm os objetivos e propósitos egoístas se tornado o poder governante? A obra de se preparar para estar em pé no dia do Senhor e o emprego das habilidades dadas por Deus para ajudar a aprontar um povo para esse dia, são consideradas atividades maçantes e insatisfatórias.
O Salvador do mundo tem apresentado o negócio mais lucrativo, no qual ricos e pobres, cultos e ignorantes podem se engajar. Todos podem, com segurança, ajuntar para si mesmos um "tesouro nos Céus que nunca acabe". Lucas 12:33. Isso é investir os recursos no lado certo. Isso é utilizar os talentos da forma correta.
Jesus ilustrou Seu ensino com o caso de um próspero fazendeiro a quem o Senhor favoreceu grandemente. Deus abençoou seus campos fazendo com que produzissem abundantemente, pondo assim em seu poder exercer liberalidade para com outros não tão favorecidos. Mas quando ele descobriu que suas terras produziram farta messe, até além de sua expectativa, em lugar de planejar como aliviar os pobres em suas necessidades, começou a projetar meios de garantir tudo para si mesmo. Quando viu as dádivas do Céu enchendo seus celeiros, não expandiu seu coração em ações de graças ao generoso Doador, nem considerou que essa grande bênção lhe havia trazido responsabilidade adicional. Em seu natural egoísmo, perguntou: "Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos." Tomando conselho com seu cobiçoso coração, disse: "Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga." Lucas 12:17-19. Os meios de real prazer e elevação da alma são atividade, autocontrole e santos propósitos, mas tudo o que esse homem se propunha fazer com as bênçãos que Deus lhe havia dado era para degradar. E qual foi o resultado? "Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus." Lucas 12:20, 21.
Esse pobre homem rico possuía grande tesouro terreno, mas estava destituído das verdadeiras riquezas. Muitos, hoje em dia, acham-se sob condenação por razões similares. Torrentes de salvação são derramadas sobre nós do trono de Deus. Bênçãos temporais são conferidas, mas elas não têm sido utilizadas para abençoar a humanidade ou glorificar a Deus. O Senhor é nosso gracioso benfeitor. Ele trouxe luz e imortalidade através de Jesus Cristo. Oh, que cada boca reconheça o grande Doador! Que cada voz, em claros e jubilosos tons, proclame as felizes novas de que, através de Jesus, a vida futura, imortal, é a nós oferecida, e o convite feito a todos para que aceitem esse grande favor. Todos os tesouros do Céu são-nos trazidos ao alcance, esperando nosso pedido. Ficaremos surpresos de que esse pobre rico tenha sido chamado de tolo porque recuou das riquezas eternas, do dom inapreciável da vida imortal, do eterno peso de glória, e ficou satisfeito com tesouros terrenos efêmeros?
Deus prova o homem, alguns de uma forma, e outros, de outra. Ele prova a alguns concedendo-lhes ricos patrimônios, e a outros retirando-lhes Seus favores. Prova os ricos para ver se eles amarão a Deus, o Doador, e ao próximo como a si mesmos. Quando o homem faz uso correto desses recursos, Deus Se agrada e pode confiar-lhe mais altas responsabilidades. O Senhor revela a relativa avaliação que o homem faz do tempo e da eternidade, da Terra e do Céu. Ele nos admoestou: "Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração." Salmos 62:10. Elas têm valor quando usadas para o bem de outros e a glória de Deus; mas nenhum tesouro terrestre deve ser seu prêmio final, seu deus ou seu salvador.
Meu irmão, o mundo jamais crerá que você leva a sério sua fé, a não ser que tenha menos a dizer sobre coisas temporais e mais sobre as realidades do mundo eterno. O Senhor vem, mas muitos que professam a fé não compreendem que esse evento está próximo. Não podem firmar sua fé sobre os revelados propósitos divinos. Para alguns, a paixão por ganhar dinheiro tornou-se dominante e as riquezas terrenas eclipsaram o tesouro celestial. As coisas eternas se desvaneceram em sua mente como se fossem de menor importância, enquanto o mundanismo flui qual dilúvio. A grande questão é: Como posso ganhar dinheiro? As pessoas estão atentas a cada oportunidade de ganho. Tentam mil planos e artifícios, entre esses, várias invenções e direitos de patentes. Alguns escavam a terra em busca de metais preciosos, outros lidam com fundos de investimentos, outros ainda, cultivam o solo, mas todos têm um único objetivo em vista -- fazer dinheiro. Eles se tornam estranhos e até mesmo insanos, na caça às riquezas, mas se recusam a ver a vantagem de assegurar para si uma herança imortal.
Quando Cristo esteve na Terra, punha-Se em contato com alguns cuja imaginação estava agitada pela esperança de ganho secular. Eles nunca descansavam, estavam constantemente tentando algo novo, e suas extravagantes expectativas surgiam apenas para ser desapontadas. Jesus conhecia as necessidades do coração humano, que sempre foram as mesmas em todas as épocas, e Ele lhes chamava a atenção para as riquezas permanentes. Ele disse: "Também o Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo." Mateus 13:44. Ele falava acerca de tesouros inestimáveis, os quais estão ao alcance de todos. Jesus veio a este mundo para mostrar como chegar a essas riquezas. O caminho está demarcado; os mais pobres que o seguirem serão tornados mais ricos do que os bilionários da Terra que não conhecem a Jesus, e cada vez mais abençoados ao repartir sua felicidade com outros.
"Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam." Mateus 6:19, 20. Os que desejam fazer Sua vontade não sofrerão qualquer prejuízo ou perda. O tesouro acumulado no Céu é seguro e está em nossa conta, pois Jesus disse: "Ajuntai tesouros no Céu." Os homens podem semear aqui, todavia, colherão na eternidade.
É esse eterno tesouro que os ministros de Cristo devem apresentar onde quer que forem. Devem insistir com o povo a fim de que se tornem sábios para a salvação. Não devem permitir que professos crentes, servis e amantes do mundo, influenciem sua conduta e lhes enfraqueçam a fé. Não é sua missão ajudar indivíduos ou igrejas a planejar como economizar dinheiro através de planos acanhados e esforços limitados na causa de Deus. Em lugar disso, precisam ensinar os homens a como trabalhar desinteressadamente e assim se tornarem ricos para com Deus. Devem educar as pessoas a fazer uma justa estimativa das coisas eternas e a dar prioridade ao reino de Deus.
Calebes são necessários nesses dois campos. Nessas Associações precisa haver não crianças, mas homens que ajam com entendimento e assumam responsabilidades, fazendo com que sua voz seja ouvida acima das vozes dos infiéis que apresentam objeções, dúvidas e críticas. Grandes interesses não podem ser administrados por crianças. Um cristão imaturo, atrofiado em seu crescimento religioso, destituído de sabedoria do alto está despreparado para enfrentar os ferozes conflitos pelos quais a igreja é chamada a passar. "Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão." Isaías 62:6. A menos que o pastor declare destemidamente toda a verdade, a menos que tenha em vista unicamente a glória de Deus e trabalhe sob a liderança do grande Capitão de sua salvação, a menos que avance a despeito das críticas e incontaminado pelos aplausos, será tido como vigia infiel.
Há alguns em _____ que precisam tornar-se homens em vez de meninos, e ter mente espiritual em lugar de terrena e sensual, mas sua visão espiritual tornou-se obscurecida. O grande amor do Salvador não cativou seu coração. Ele tem muitas coisas a dizer-lhes, mas vocês não podem suportá-las agora. Em termos de crescimento, vocês são crianças e não podem compreender os mistérios de Deus. Quando o Senhor suscita homens para fazer Seu trabalho, esses traem-Lhe a confiança se permitem que seu testemunho seja adaptado para agradar a mentes não consagradas. Ele preparará homens para as ocasiões certas. Eles serão humildes, tementes a Deus, não conservadores nem astuciosos, mas homens de independência moral, que avançarão no temor do Senhor. Serão bondosos, nobres, corteses; também não se desviarão do reto caminho, mas proclamarão a verdade em justiça, quer os homens ouçam ou deixem de ouvir.