Há e sempre haverá muitas perplexidades ligadas ao escritório de publicações de Battle Creek. As instituições estabelecidas são instrumentos divinos para realizar Sua obra na Terra. Por essa razão Satanás firmou posição, exercitando toda a sua engenhosidade para estorvar e impedir. Ele vem com suas tentações a homens e mulheres ligados a essas instituições, quer em posições de responsabilidade ou fazendo o serviço mais humilde, e, se possível, tenta enganá-los com seus estratagemas a fim de romperem sua ligação com Deus, tornando-se confusos em seus pensamentos e incapazes de discernir entre o certo e o errado. Ele sabe que virá certamente o tempo em que o espírito que lhes tem controlado a vida será manifesto, e está feliz de ter a existência dessas pessoas testificando contra elas, de que não são coobreiros de Cristo.
Muitos que chegaram à idade e estatura adultas são deficientes nos elementos que constituem um caráter nobre e maduro. Deus não os vê como homens. Eles não são confiáveis. Alguns desses estão vinculados a nossas instituições. Têm influência, mas essa é de caráter pernicioso, pois raramente se acham ao lado do direito. Conquanto professem piedade, seu exemplo tende continuamente a animar a injustiça. O ceticismo está entretecido com seus pensamentos e manifesto em suas palavras; suas energias são usadas na perversão da integridade, da verdade e da justiça. Sua mente é controlada por Satanás e ele opera através deles para corromper e produzir confusão. Quanto mais agradáveis e atraentes suas maneiras, quanto mais dotados de esplêndidos talentos, mais efetivos agentes são nas mãos do inimigo de toda justiça, com a finalidade de desvirtuar a todos os que se acham sob sua influência. Será uma tarefa difícil e ingrata evitar que esses se tornem um poder dirigente e levem a cabo seus propósitos de instigar a desordem e princípios frouxos.
A juventude exposta à sua influência nunca estará segura, a menos que aqueles que cuidam dos jovens exerçam grande vigilância e possuam princípios justos firmemente estabelecidos. É um lamentável fato que, nessa idade, muitos jovens se entregam de boa vontade à influência de Satanás, mas resistem ao Espírito de Deus. Em muitos casos, hábitos errôneos se tornaram tão solidamente estabelecidos, que os maiores esforços por parte dos líderes não conseguem moldar seu caráter no justo sentido.
Aqueles que estão em posições de confiança na casa publicadora têm pesadas responsabilidades a assumir, e não estarão preparados para esses postos a menos que, dia após dia, obtenham uma segura e profunda experiência cristã. Os interesses eternos deveriam ter consideração prioritária, e bem-vinda cada influência que contribua para a vida espiritual. Homens ligados a Sua causa e sobre quem o Senhor depôs o encargo dos assuntos comerciais, deveriam ser espiritualmente vigilantes. Não deveriam negligenciar a assistência aos cultos, nem considerar ser uma sobrecarga falar constantemente uns com os outros de sua vida e experiência religiosa. Deus ouvirá seus testemunhos e eles serão registrados em Seu livro memorial. Ele favorecerá seus fiéis e os poupará assim como um homem poupa seu filho que o serve.
Os que estão à testa da obra de publicações deveriam lembrar-se de que são exemplo para muitos, e que lhes importa ser fiéis na adoração pública a Deus, exatamente como gostariam que cada obreiro fosse nos departamentos do Escritório. Se forem vistos nas igrejas apenas ocasionalmente, outros se sentirão dispensados por conta de sua negligência. Esses profissionais podem, em qualquer tempo, falar fluente e sabiamente sobre negócios, mostrando que não empregam suas energias em vão nessa área. Eles têm posto tato, habilidade e conhecimento em seu trabalho, mas quão importante é que seu coração, mente e energias também sejam adestrados para o fiel serviço na causa e no culto de Deus. Que sejam capazes de chamar a atenção para o meio de salvação mediante Cristo, em linguagem eloqüente e simples. Estão sob obrigação de ser homens de fervente oração e firme confiança em Deus; homens que, como Abraão, ordenem sua casa, e manifestem especial interesse no bem-estar espiritual de todos os que estão ligados ao escritório de publicações.
Aqueles que fazem de Cristo o primeiro em tudo, são confiáveis. Esses não serão auto-suficientes nem submergirão seus interesses religiosos nos negócios. Tem Deus encarregado os homens de sagradas responsabilidades? Então Ele gostaria que sentissem sua própria fraqueza e dependência dEle. Não é seguro aos homens dependerem de seu próprio entendimento; portanto, deveriam buscar diariamente forças e sabedoria do alto. Deus deveria fazer parte de todos os seus pensamentos; então todos os ardis e sutilezas da antiga serpente não poderão induzi-los à pecaminosa negligência do dever. Eles enfrentarão o adversário com a mesma simples arma que Cristo usou: "Está escrito!" ou o expulsarão com: "Para trás de Mim, Satanás."
Na advertência "vigiai e orai", Jesus indicou o único procedimento seguro. Há necessidade de vigilância. Nosso próprio coração é enganoso; estamos rodeados das fraquezas e imperfeições da humanidade, e Satanás está atento para destruir. Podemos estar desprevenidos, mas o nosso adversário jamais estará ocioso. Conhecendo a sua incansável vigilância, "não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios". 1 Tessalonicenses 5:6. O espírito e a influência do mundo precisam ser enfrentados, mas não devem ter permissão para apoderar-se da mente e do coração.
Um ocupado homem de negócios, quando posto em contato com o mundo, terá aflições, perplexidade e ansioso cuidado. Ele descobrirá que existe a tendência de permitir que pensamentos e planos mundanos assumam a dianteira, e que exigirá esforços e disciplina de mente e alma manter um espírito de devoção. Mas a graça divina espera ser pedida, e sua grande necessidade é um poderoso argumento que prevalecerá com Deus. Para homens assim Jesus tem provisões especiais. Ele os convida: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Mateus 11:28-30. Aqueles que mantêm companheirismo com Cristo, possuem descanso e paz constantes. Então, por que andarmos solitários, desdenhando Sua companhia? Por que não tomar conselho com Ele em tudo? Por que não irmos a Ele em todas as nossas perplexidades e provar o poder de Suas promessas?
O Espírito Santo ilumina nossas trevas, supre nossa ignorância, nos assiste e ajuda em todas as nossas necessidades. A mente, porém, precisa estar sempre buscando a Deus. Se são permitidos indiferença e mundanismo, não teremos condições de orar fervorosamente, nem coragem para entrar em contato com Aquele que é a fonte de poder e sabedoria. Então, orem sempre, caros irmãos e irmãs, "levantando mãos santas, sem ira nem contenda". 1 Timóteo 2:8. Insistam em suas petições junto ao trono da graça e contem com Deus hora a hora, momento a momento. O serviço de Cristo regulará o relacionamento com todos os seus semelhantes, e tornará sua vida rica em boas obras.
Ninguém imagine que o egoísmo, a presunção e a complacência consigo mesmo são compatíveis com o Espírito de Cristo. Repousa sobre todo homem e mulher verdadeiramente convertidos uma responsabilidade que não podemos devidamente estimar. As práticas e os modos do mundo não devem ser adotados pelos filhos e filhas do celeste Rei. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro." 1 João 3:2, 3. O mundo, porém, não nos conhece, porque não conhece a Cristo, nosso Mestre.
É necessário ter, nos escritórios da Review, administradores comerciais que representem corretamente a Jesus e o plano da salvação. Deus Se desagrada quando eles usam suas habilidades em empreendimentos mundanos ou mesmo em negócios referentes à obra de publicações, e nada fazem para o fortalecimento de Sua igreja, para a edificação de Seu reino. Trabalhar para Deus e pela salvação das pessoas é a mais alta e nobre vocação que o homem já teve ou pode ter. Lucros e perdas nesse negócio são de grande importância, pois os resultados não terminam com esta vida, mas alcançam a eternidade.
Irmãos, em qualquer negócio que vocês se empenharem, em qualquer departamento da obra que lhes for atribuído, levem a religião consigo. Deus e o Céu não deveriam ser deixados de lado na vida e no trabalho. Os obreiros dessa causa deveriam guardar-se continuamente de ser homens de objetivo parcial, permitindo que apenas o elemento secular transpareça de seu caráter. Houve, no passado, certas falhas por parte de homens ligados ao escritório de publicações. Eles não eram homens espirituais e sua influência não tendeu a conduzir à Canaã celestial, mas de volta ao Egito.
O irmão P foi abençoado com habilidades que, se consagradas a Deus, o habilitariam a fazer grande bem. Ele possui mente ágil. Conhece a teoria da verdade e os reclamos da lei de Deus, mas não aprendeu na escola de Cristo a mansidão e a humildade que poderiam torná-lo um homem apto a estar em um cargo de confiança. Ele foi pesado nas balanças do santuário e achado em falta. O irmão P recebeu grande luz em advertências e reprovações, mas não lhes deu ouvidos e nem mesmo viu necessidade de mudança em seu curso de ação. Seu exemplo perante os que trabalham no escritório não foi coerente com sua profissão. Ele não demonstrou firme propósito e revelou-se alguém infantil. Sua influência tem sido de molde a desviar as pessoas de Cristo e levá-las à conformidade com o mundo.
A cruz de Cristo foi apresentada ao irmão P, mas ele lhe voltou as costas, pois ela envolve humilhação e opróbrio, antes que honra e louvor do mundo. Muitas vezes Jesus chamou: "Tome sua cruz e siga-Me e assim será Meu discípulo." Marcos 8:34. Mas outras vozes chamaram na direção do orgulho mundano e da ambição, e o irmão P as ouviu porque seu apelo era mais agradável ao coração natural. Ele afastou-se de Jesus, divorciou-se de Deus e abraçou o mundo. Foi chamado para representar a Cristo e para ser uma brilhante luz no mundo, mas traiu seu sagrado legado. O mundo se interpôs entre sua alma e Jesus, e ele conseguiu uma experiência secular, quando deveria ter obtido uma de caráter inteiramente oposto. Ele tem sido decididamente mundano em seus gostos e opiniões e, conseqüentemente, tornou-se incapaz de compreender as coisas espirituais.
O sucesso do irmão P no ministério e também seu cargo de confiança no escritório, dependia do caráter que possuísse. Esforços cuidadosos e diligentes foram necessários para que, em seu comportamento diante dos coobreiros, nenhum mau exemplo pudesse ser incluído. O plano que ele deveria ter adotado, o curso de ação que deveria ter seguido, estava claramente demarcado na Palavra de Deus. Houvesse dado ouvidos a essa Palavra, e luz incidiria sobre seu caminho, guiando seus inexperientes pés no caminho certo. Os testemunhos do Espírito de Deus foram-lhe enviados vez após vez, mostrando-lhe em que pontos estava divergindo da elevada rota traçada para os resgatados do Senhor, advertindo-o e rogando-lhe que mudasse sua conduta. Mas seus meandros pareciam retos aos olhos e ele seguiu a própria inclinação, não fazendo caso da luz que lhe fora dada. Ele não foi um sábio supervisor, um homem prudente no escritório, nem tampouco um pastor digno de confiança, pois desviava as ovelhas. Pronunciava excelentes sermões, mas fora do púlpito não vivia os princípios que pregava. Suas palavras eram uma ofensa a Deus.
A união do irmão P com o mundo provou-se uma armadilha a si mesmo e a outros. Oh, quantos tropeços há em vidas como a sua! Dão a impressão de que quando dão os primeiros passos na conversão -- arrependimento, fé e batismo -- isso é tudo o que delas se requer. Mas esse é um erro fatal. A difícil luta pela conquista de si mesmo, pela santidade e o Céu, é uma guerra da vida inteira. Não há trégua nessa batalha; os esforços precisam ser contínuos e perseverantes. A integridade cristã precisa ser buscada com irresistível energia e mantida com resoluta firmeza de propósito.
Uma genuína experiência religiosa se expande e se firma. Progresso contínuo, crescente conhecimento e poder na Palavra de Deus são o resultado natural do relacionamento com o Senhor. A luz do santo amor se tornará mais e mais brilhante até ser dia perfeito. Foi privilégio do irmão P ter uma experiência como essa, mas ele não possuía o óleo da graça em seu vaso e lâmpada, e sua luz se ofuscou. Se ele não fizer uma decidida mudança rapidamente, não haverá mais advertências ou súplicas que o alcancem. Sua luz se extinguirá em trevas e ele será abandonado ao desespero.
A importância da economia
O irmão R tem admirável habilidade comercial para alguns ramos da obra, que o capacitariam a servir com sucesso no escritório de publicações, mas ele não se educou e se disciplinou para ser um gerente eficiente e completo. Sob sua direção, tem havido graves negligências, um estado de coisas desorganizado, desordenado, que deveria ser prontamente corrigido. Há muitos pequenos assuntos relacionados à obra que não receberam atenção e, como conseqüência, há rombos. São tolerados perdas e desperdícios que poderiam ter sido evitados.
Estive no escritório e foi-me mostrado como os anjos de Deus observam a obra feita em suas várias salas. Em algumas as condições são melhores do que em outras, mas em todas há erros que podem ser corrigidos. Vê-se em muitos departamentos prejuízos e prejuízos. O modo irresponsável com que muitos trabalham resulta em prejuízo para o escritório e é uma ofensa a Deus. É triste que isso tenha de ser assim. Jesus nos deu lições acerca de economia. Disse Ele: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." João 6:12. Teria sido melhor não se ocupar com grandes empreendimentos, se por isso muitos assuntos menores precisem ser deixados sem atenção, pois as pequenas coisas são como pequenos parafusos que mantêm a máquina funcionando, evitando que se desmonte em peças. A Palavra de Deus expõe o dever, ela fornece a regra do fiel serviço: "Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo também é injusto no muito." Lucas 16:10.
Foi-me mostrado que, além do pessoal existente presentemente no escritório, deveriam ser empregados homens competentes para ajudar na administração dos diferentes departamentos da obra, homens que sejam experientes em negócios e sábios administradores. Teria sido melhor, anos atrás, haver empregado homens que seriam administradores mais competentes -- homens que teriam implantado eficácia, presteza e economia -- mesmo que fosse necessário dobrar os salários pagos aos encarregados. O irmão R é deficiente nesse ponto; ele não possui um modo adequado de corrigir males. Ele pretende fazer isso, mas muitas coisas são completamente postas de lado, as quais deveriam ser reformadas de uma vez. O escritório tem falta de um economista responsável, um perfeito homem de negócios. Tem sido gasto o triplo do que seria requerido para pagar pelos melhores talentos e experiências nessa obra.
Muito se perde pela falta de pessoas competentes, eficientes, aptas e práticas, para supervisionar os diferentes departamentos da obra. É necessário ter um impressor experiente e que esteja familiarizado com cada parte desse trabalho. Há alguns que entendem de impressão, mas são completamente falhos em comandar. Outros fazem o melhor que podem, mas são ainda inexperientes e não entendem a obra de publicações. Suas idéias são em geral estreitas. Não sabem como enfrentar as demandas da causa e, como conseqüência, são incapazes de avaliar as vantagens e desvantagens de ampliar seu trabalho. São também sujeitos a fazer avaliações incorretas, cálculos errados e estimativas falhas. Têm havido prejuízos por causa de falhas em fazer cômputos apropriados e otimizar as oportunidades de impulsionar a obra de publicações. Numa instituição como essa, milhares de dólares podem ser perdidos por causa de cálculos feitos por pessoas incompetentes. O irmão P possuía capacidade em algumas áreas, para compreender e avaliar adequadamente os interesses da obra de publicações, mas sua influência foi danosa ao escritório.
Deveria haver alguém que percebesse que os jovens, quando entram no escritório para aprender comércio, tenham atenção apropriada e imediata. Seria bom que houvesse para esse trabalho um homem que fosse apto a ensinar, paciente, bondoso e perspicaz. Se um só não for suficiente para essa função, que se empreguem outros. Se isso for feito fielmente, economizará para a instituição o salário de três homens. Esses jovens estão formando hábitos que afetarão toda a sua experiência. Eles estão, por assim dizer, numa escola e se forem deixados a obter conhecimento da melhor forma que possam, acentuados defeitos serão percebidos em seu trabalho futuro. A base da perfeição, honestidade e integridade precisa ser posta na juventude. A formação de hábitos corretos na juventude é da máxima importância. Se em lugar de serem educados a obedecer normas e regulamentos e atenderem à pontualidade, meticulosidade, esmero, ordem e economia, forem deixados a formar disposições frouxas e indulgentes, estarão sujeitos a reter esses maus hábitos por toda a vida. Eles podem ter talentos para fazer sucesso em seus negócios, e devem ser ensinados sobre a importância de fazer uso correto de suas energias e aptidões. Também deveriam ser treinados a ser econômicos, e recolher todos os pedaços para que nada se perca.
Homens em posição de responsabilidade precisariam ocupar-se com não mais do que podem fazer com perfeição e pontualidade, pois se devem ter alguém sob seu cuidado para formar hábitos corretos, precisam dar um exemplo adequado. Grande responsabilidade repousa sobre os dirigentes como modelos de caráter, mediante princípios e modo de trabalhar que estão transmitindo à juventude. Deveriam eles considerar que, pela instrução que estão dando com relação ao trabalho e à educação religiosa, estão ajudando os jovens a formarem seu caráter. Progredir é a palavra de ordem. A juventude deveria ser ensinada a mirar a perfeição em qualquer ramo de trabalho que empreenda. Se há chefes de departamentos que não são cuidadosos, econômicos, diligentes no uso de seu tempo e cautelosos em sua influência, irão moldar outros no mesmo formato. Se, mesmo após terem sido aconselhados, não mudam sua conduta, deveriam ser removidos e outros mais competentes ocupar seu lugar, mesmo que seja necessário fazer várias tentativas. Os obreiros deveriam ser muito mais eficientes e fiéis do que têm sido.
As primeiras impressões, as primeiras instruções desse jovens obreiros deveriam ser da mais alta ordem, pois seus caracteres estão sendo modelados para o tempo e a eternidade. Que seus encarregados se lembrem de que têm uma grande e solene responsabilidade. Que modelem a argila maleável antes que endureça e se torne resistente a impressões. Que enverguem a árvore nova, antes que ela se torne um nodoso e rijo carvalho; que dirijam o curso do arroio antes que se torne um caudaloso rio. Se os jovens forem deixados a escolher seu próprio sistema de vida e companhias, uns optarão por aqueles que são bons, e outros escolherão más companhias. Se o elemento religioso não for mesclado ao seu treinamento, eles se tornarão alvos fáceis da tentação, e seu caráter estará sujeito a tornar-se deformado e unilateral. Que os jovens que mostram respeito pelas coisas sagradas aprendam essas lições sob o teto doméstico, antes que o mundo coloque sobre a alma sua marca -- a imagem do pecado, do engano e desonestidade. O amor a Deus é aprendido no altar da família, ensinado pelo pai e pela mãe na infância.
A falta de influência espiritual é tristemente sentida no escritório. Deveria haver maior devoção, mais espiritualidade, mais religião prática. A obra missionária ali realizada por homens e mulheres tementes a Deus seria seguida por muito melhores resultados. A conduta do irmão R não agrada a Deus. Alguém em sua posição deveria ser um homem consagrado; ele deveria ser um dos primeiros em assuntos religiosos. Sua única segurança está em manter viva comunhão com Deus e sentir sua dependência dEle. Sem isso, ele não fará jus ao seu cargo, nem exercerá uma conveniente influência no escritório e sobre aqueles com quem entra em contato a negócios.
Vi também que precisaria haver uma estrita investigação sobre o comportamento no escritório, tanto no que tange a irmãos como a descrentes. Bondade, pureza, verdade e paz são frutos que deveriam ser observados ali. Motivos e ações têm de ser muito bem examinados e comparados com a lei de Deus, pois ela é a única e infalível regra pela qual a conduta deve ser regulada, o único e confiável código de honra entre homem e homem.
A unidade da obra
O Senhor gostaria que houvesse união entre aqueles que administram a obra nas diferentes partes do campo. Aqueles que dirigem Sua obra na costa do Pacífico e os que estão engajados nela a leste das Montanhas Rochosas deveriam ser de uma mesma mente e parecer -- um em coração, planos e ação. Deus não deseja que os que se encontram no escritório pensem ser virtude diferir de seus irmãos de outras casas publicadoras. É preciso que haja troca de idéias, intercâmbio de planos e experiências e, se algum melhoramento for sugerido em qualquer dos escritórios, que os administradores considerem as propostas e adotem tais planos e métodos aprimorados. Em ambas as casas publicadoras há grandes melhoramentos a serem implantados e os administradores têm muito a aprender. A lição que fará mais decidida e apropriada marca no avanço da obra é que haverá menos inclinação à sua própria compreensão e mais aprendizado da mansidão e humildade de Cristo. Que aqueles que trabalham nos escritórios não sejam egoístas, de modo tão diverso de Cristo, retendo seus planos pela satisfação própria de serem independentes, a despeito das conseqüências.
Os que estão vinculados a nosso escritório de publicações em Battle Creek, não são o que deveriam nem o que poderiam ser. Eles pensam que seus gostos, hábitos e opiniões são corretos. Estão em constante perigo de se tornarem limitados em suas idéias, ciumentos da Pacific Press e de adotarem atitudes críticas e sentimentos de superioridade. Permite-se que esse sentimento cresça, obstrua e arruíne seus interesses e também os da obra na costa do Pacífico, tudo porque sentimentos egoístas assumem o comando e impedem um claro discernimento, que seria para seu próprio bem e para o progresso e edificação da causa de Deus. Esse sentimento separatista é contrário ao espírito de Cristo. Deus não o aprova. Ele gostaria que cada partícula dele fosse vencida. A causa é una; a vinha é um grande campo, com os servos de Deus empenhados em suas várias partes. Não deve haver senão um único alvo em mente, que é trabalhar desinteressadamente para advertir o descuidoso e salvar o perdido.
Os homens ligados à obra de Deus no escritório, no sanatório e no colégio, somente podem ser tidos como de confiança à medida que assimilam o caráter de Cristo. Mas muitos herdaram traços de caráter que de modo algum representam o divino Modelo. Há não poucos que têm defeitos de caráter recebidos como legado hereditário, os quais não foram vencidos mas acalentados como se fossem fino ouro e trazidos consigo em sua experiência religiosa. Em muitos casos esses traços são conservados através de toda a vida. Por algum tempo, nenhum dano especial pode ser visto como deles resultante, mas o fermento está operando e quando se oferece uma oportunidade favorável, o mal se manifesta.
Alguns desses homens que têm acentuadas deformidades de caráter sustentam opiniões enérgicas e decididas, e mostram-se inflexíveis quando seria cristão submeter-se a outros, cujo amor pela causa da verdade é tão profundo como o seu próprio. Esses precisam cultivar traços diferentes de caráter e aprender a estimar os outros mais do que a si mesmos. Quando estão envolvidos com um importante empreendimento onde grandes planos precisam ser realizados, deveriam ser cuidadosos para que suas idéias peculiares e certos traços de caráter não tenham influência desfavorável em seu desenvolvimento. O Senhor viu o perigo que resultaria de a cabeça e os pontos de vista de um homem controlarem as decisões e executarem os planos, e em Sua inspirada Palavra ordenou que estivéssemos sujeitos uns aos outros e estimássemos os semelhantes mais do que nós mesmos. Quando são feitos planos que digam respeito à causa de Deus, esses deveriam ser trazidos perante uma comissão composta de escolhidos homens de experiência, pois a harmonia de esforços é essencial em todos esses empreendimentos.
Homens de temperamentos diversos e caracteres imperfeitos podem descobrir faltas nos outros, mas não reconhecem as próprias. Se deixados a levar avante seus próprios planos sem consulta a outros, cometerão graves erros. Suas idéias precisam tornar-se mais amplas. A natureza humana abriga egoísmo e ambição, os quais prejudicam a obra de Deus. O interesse próprio precisa ser perdido de vista. Não deveria haver qualquer desígnio em mira, nenhuma posição distante dos obreiros de Deus, falando e escrevendo de maneira intolerante, que não deva ser crítica e piedosamente investigada e humildemente trazida perante o concílio.
O mundo do futuro está às portas, com suas inalteráveis e solenes questões -- muito próximo, realmente muito próximo, e há tão grande obra a ser feita, tantas importantes decisões a serem tomadas. Contudo, em seus concílios as opiniões preconcebidas, as idéias e planos egoístas, os maus traços de caráter recebidos por herança, são trazidos e permitidos exercer sua influência. Vocês deveriam sempre ter consciência de que é pecado agir por impulso. Os irmãos não deveriam abusar do poder, usando-o para atingir os próprios objetivos, a despeito das conseqüências sobre outros, por estarem numa posição que torna isso possível; mas usem a autoridade que lhes foi confiada como um sagrado e solene legado, lembrando-se de que são servos do Deus Altíssimo, e devem enfrentar no Juízo cada decisão que tomam. Caso seus atos sejam altruístas e visando à glória de Deus, eles suportarão o teste final. A ambição é mortal ao desenvolvimento do espírito, a indolência é criminosa, o temperamento é instável, mas a vida onde cada justo princípio é respeitado será bem-sucedida.
Muitos de seus concílios não trazem o selo celestial. Vocês não os assistem como homens que têm estado em comunicação com Deus e que Lhe possuem a mente e piedosa compaixão, mas como quem tem o firme propósito de fazer prevalecer os próprios planos e para assentar as questões de acordo com os propósitos pessoais. Em cada departamento da obra é essencial que se possua o espírito e a mente de Cristo. Vocês são obreiros de Deus e precisam possuir cortesia e graça, pois do contrário não podem representar a Jesus.
Todos os que estão empregados em nossas instituições deveriam entender que poderão ser uma bênção ou uma maldição. Se quiserem ser uma bênção, precisam renovar seu vigor espiritual diariamente, precisam ser participantes da natureza divina, tendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo.
Em meio aos afazeres da vida ativa, às vezes é difícil discernirmos nossos próprios motivos, mas diariamente ocorrem progressos, ou para bem ou para mal. Surgirão para procurar controlar nossas ações, preferências ou aversões; sentimentos buscarão nublar nossa visão. Tem-me sido mostrado que Jesus nos ama, mas está preocupado em ver tamanha falta de sábio discernimento, de adaptabilidade ao trabalho e de sabedoria para alcançar corações e penetrar os sentimentos alheios. Conquanto estejamos procurando guardar-nos do constante perigo de formar uma aliança com os inimigos de Cristo e de ser por eles corrompidos, devemos proteger-nos de nós mesmos, contra manifestarmos indiferença para com aqueles a quem o Senhor reclama como Seus. Diz Ele: "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:40. Se com amorável e fervente propósito procurarmos aproveitar cada oportunidade de ajudar aqueles cujos pés têm tropeçado e caído, não teremos vivido em vão. Nossas maneiras não devem ser ásperas, dominadoras, ditatoriais, mas fragrantes da graça de Cristo.
Nosso Pai celestial exige de Seus servos de acordo com aquilo que lhes confiou, e Seus reclamos são razoáveis e justos. Ele não aceitará menos de nós do que exige. Todas as Suas justas exigências precisam ser plenamente atendidas, ou testificarão contra nós de que fomos pesados na balança e achados em falta. Mas Jesus observa nossos esforços com o mais profundo interesse. Ele sabe que os homens com todas as deficiências de sua humanidade estão fazendo Seu trabalho. Observa suas falhas e abatimentos com mui terna piedade. Mas essas deficiências e imperfeições podem tornar-se muito menores do que são. Se estivermos em harmonia com o Céu, anjos ministradores trabalharão conosco e coroarão de sucesso nossos esforços.
Este é o grande dia da preparação, e a solene obra que tem lugar no santuário celestial deveria estar constantemente na mente dos que estão empregados em nossas várias instituições. Não se deveria permitir que os cuidados comerciais absorvessem de tal modo a mente, que a obra no Céu, a qual diz respeito a cada indivíduo, seja vista com despreocupação. As solenes cenas do Juízo, o grande dia da expiação, deveriam ser mantidas constantemente diante do povo, e mostradas à sua consciência com fervor e poder. O assunto do santuário nos dará corretos pontos de vista sobre a importância da obra para este tempo. Uma apreciação adequada desse tema levará os obreiros das casas publicadoras a manifestarem maior energia e zelo em tornar a obra um sucesso. Ninguém deve tornar-se descuidoso e cego às necessidades da causa e aos perigos que ameaçam cada pessoa, mas procurar ser um canal de luz.
Em todas as nossas instituições há muito do eu e pouco de Cristo. Todos os olhos deveriam voltar-se para nosso Redentor, todos os caracteres deveriam ser como os Seus. Ele é o Modelo a ser imitado se quisermos ter mente bem equilibrada e caráter simétrico. Sua vida era como o jardim do Senhor, no qual crescia toda árvore agradável à vista e boa para alimento. Conquanto possuindo em Sua alma todo formoso traço de caráter, Sua sensibilidade, cortesia e amor uniam-nO em íntima simpatia com a humanidade. Ele foi o Criador de todas as coisas, e sustenta os mundos com Seu infinito poder. Os anjos estavam prontos a render-Lhe homenagem e obedecer-Lhe a vontade. Contudo, Ele podia ouvir o balbucio do neném e aceitar seu murmurante louvor. Ele tomava as criancinhas em Seus braços e estreitava-as junto a Seu grande coração amorável. Elas se sentiam perfeitamente à vontade em Sua presença e relutavam em deixar-Lhe os braços. Ele não considerava os desapontamentos e infortúnios do homem como coisas insignificantes, mas Seu coração sempre foi tocado pelos sofrimentos daqueles a quem viera salvar.
O mundo havia perdido o padrão original de bondade e se afundara em universal apostasia e corrupção moral; e a vida de Jesus foi de laborioso e abnegado esforço para trazer de volta o homem ao seu primeiro estado mediante o infundir-lhe o espírito de divina bondade e amor. Conquanto estivesse no mundo, Ele não era do mundo. Era-Lhe sempre doloroso ser posto em contato com a inimizade, a depravação e impureza que Satanás havia suscitado; mas Ele tinha um trabalho a fazer -- pôr o homem em harmonia com o plano divino, e a Terra em conexão com o Céu -- e não considerava nenhum sacrifício demasiado grande para alcançar o Seu objetivo. Ele "como nós, em tudo foi tentado." Hebreus 4:15. Satanás estava a postos para assaltá-Lo a cada passo, arremessando contra Ele Suas mais cruéis tentações; contudo Ele "não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano". 1 Pedro 2:22. Ele "sofreu, tendo sido tentado" (Hebreus 2:18)... sofreu na proporção da perfeição de Sua santidade. Mas o príncipe das trevas nada achou nEle, nem um simples pensamento ou sentimento de resposta à tentação.
Sua doutrina derramava-se como chuva; Suas palavras destilavam-se como o orvalho. Mesclavam-se no caráter de Cristo tal majestade divina como nunca dantes mostrada ao ser humano, e indescritível mansidão como nunca dantes desenvolvida pelo homem. Nunca havia andado entre os homens alguém tão nobre, tão puro, tão inocente, tão bondoso, tão consciente de Sua divina natureza, todavia tão simples, tão pleno de propósitos e planos para fazer o bem em favor da humanidade. Conquanto aborrecendo o pecado, chorava compassivamente pelo pecador. A Majestade do Céu revestiu-Se da humildade de uma criança. Esse é o caráter de Cristo. Estamos nós andando em Suas pegadas? Ó, meu Salvador, quão pobremente é o Senhor representado por Seus professos seguidores!