Testemunhos para a Igreja, 5

Capítulo 66

Nossas Instituições em Battle Creek

Os males resultantes da centralização de muitas responsabilidades em Battle Creek não são poucos. Os perigos são muitos por causa dos elementos não consagrados que esperam apenas até que uma mudança de circunstâncias os encoraje a colocar toda a sua influência ao lado do erro. Se todos os que trabalham em nossas instituições fossem consagrados e possuíssem discernimento espiritual, confiando muito mais em Deus do que em si mesmos, haveria muito maior prosperidade do que temos visto até aqui. Mas enquanto houver tão grande ausência de singela confiança e inteira dependência de Deus, não poderemos estar certos de nada. Nossa grande necessidade, hoje, é de homens que sejam batizados com o Espírito Santo de Deus, homens que andem com Deus como Enoque. Não precisamos de homens que tenham visão estreita, que restrinjam a obra em lugar de expandi-la, ou que sigam o lema: "Religião é religião e negócio é negócio." Necessitamos de homens que tenham sólidas perspectivas, que possam compreender a situação e raciocinem da causa para o efeito.

O colégio

Os professores em nosso colégio devem ser homens e mulheres que tenham mente equilibrada, de forte influência moral, que saibam como tratar de modo sábio com pessoas, e que possuam verdadeiro espírito missionário. Se todos fossem desse tipo, as responsabilidades que agora repousam sobre o diretor seriam aliviadas, e o perigo de se tornar prematuramente esgotado seria evitado. Mas essa é exatamente a sabedoria que está faltando.

Não é desejável fixar mensalidades escolares muito baixas. Elas devem ser suficientes para cobrir as despesas, principalmente se o colégio não é muito subvencionado. Os que realmente prezam as vantagens que ali se obtêm farão esforço extra para alcançá-las. A maior parte dos que seriam induzidos a vir em virtude do preço baixo não beneficiaria de modo algum outros estudantes ou a igreja. Quanto maior o número, maior tato, mais habilidade e vigilância seriam necessários para com eles tratar.

Quando o colégio teve o seu início, havia um fundo conservado no escritório da Review and Herald para benefício dos que desejavam obter educação, mas não tinham recursos. Esse fundo foi usado por vários estudantes, que assim tiveram bom começo e puderam ganhar o suficiente para repor a importância usada, de modo que outros pudessem dela beneficiar-se.

Alguma providência deve ser tomada agora a fim de ser mantido tal fundo para empréstimo a estudantes pobres mas dignos, que desejam preparar-se para a obra missionária. Há entre nós pessoas de habilidade, que poderiam prestar bom serviço à causa, fossem elas tão-somente procuradas e encorajadas. Quando qualquer desses é demasiado pobre para obter as vantagens do colégio, as igrejas devem considerar um privilégio assumir suas despesas. Os jovens precisam ter claramente diante de si o fato de que até onde seja possível devem trabalhar para pagar suas despesas. O que custa pouco será pouco apreciado. O que custa algo que esteja perto do seu real valor será considerado nessa base. Mas as igrejas em diferentes campos devem sentir que uma solene responsabilidade sobre elas repousa em relação ao preparo da juventude e à educação de pessoas de mais idade para se empenharem no esforço missionário. Quando vêem alguém de seu meio que dê indicações de se tornar obreiro útil, mas sem condições de se educar, devem assumir a responsabilidade de enviá-lo ao colégio para que se instrua e se desenvolva.

Qualificações dos administradores

É preciso haver uma completa reforma da parte dos homens que estão ligados a nossas importantes instituições. Eles possuem alguns preciosos traços de caráter, enquanto são tristemente falhos em outros. Seu caráter necessita ter uma feição diversa, que seja à semelhança de Cristo. Devem todos lembrar-se de que ainda não alcançaram a perfeição, que a obra de edificação do caráter ainda não se concluiu. Se desejarem caminhar sob todo raio de luz que Deus lhes enviou; se quiserem comparar-se com a vida e caráter de Cristo, discernirão onde têm falhado na busca por atingir os reclamos da santa lei de Deus, e buscarão tornar-se perfeitos em sua esfera assim como Deus o é na Sua. Se esses homens compreendessem a importância da obra, estariam hoje muito mais evoluídos e qualificados para preencher cargos de confiança. Durante os tempos de provação deveriam eles estar buscando aperfeiçoamento de caráter. Precisam aprender diariamente de Cristo. Esses estão vinculados à obra de Deus não porque sejam homens perfeitos e infalíveis, sem defeitos de caráter, mas apesar deles. Deus espera que eles, enquanto ligados com a obra, estejam constantemente estudando e aprendendo como copiar o Modelo.

Jesus uniu João, Pedro e Judas a Ele em Sua obra, tornando-os colaboradores, mas ao mesmo tempo deveriam eles estar aprendendo constantemente as lições de Cristo. Deveriam extrair de Seus divinos ensinos instruções para corrigir suas idéias erradas e equivocados pontos de vista sobre o que constituía o caráter cristão. João e Pedro não eram homens perfeitos, mas se aproveitavam de cada oportunidade para aprender. Pedro não aprendeu a desconfiar de si mesmo, a vigiar, até ser vencido pelas tentações do diabo e negar a seu Senhor. Judas teve a mesma oportunidade que esses discípulos para aprender as lições de Cristo, mas não apreciava seu valor. Era apenas um ouvinte e não praticante. O resultado disso verificou-se quando traiu seu Senhor.

Os homens a quem Deus vinculou às Suas instituições não devem sentir que não há melhorias a obter porque alcançaram posições de responsabilidade. Se devem ser representantes e guardiões do mais sagrado trabalho jamais confiado a mortais, precisam assumir a posição de aprendizes. Não devem sentir-se auto-suficientes ou presumidos, mas compreender que estão palmilhando terreno sagrado. Os anjos de Deus estão prontos a servi-los, e eles precisam ser continuamente receptivos à luz e influências celestiais, ou não estarão mais preparados para o trabalho do que os descrentes.

Se o caráter dos homens ligados ao escritório em Battle Creek fosse assim transformado, para que pudessem exercer influência positiva sobre aqueles sob seu controle, então a perspectiva seria mais animadora. Seja o que for que os homens ali empregados pensem acerca de sua capacidade, tenho razões para dizer que não poucos necessitarão melhorar muito antes de estarem qualificados para ocupar aceitavelmente seus cargos. Eles se podem julgar competentes para dar conselhos, mas estão carentes do conselho dAquele que é infalível em sabedoria. Grandes e importantes interesses estão em perigo de ser desfigurados e de tornarem-se prejudicados em suas mãos. Se todos sentissem mais sua ignorância e dependessem menos do eu, poderiam aprender do grande Mestre mansidão e humildade de coração.

Deus está observando tudo o que se passa no escritório. "Tu és o Deus que me vê", deveria sempre ser lembrado. Cada um dos que assumem responsabilidades no escritório deveria ser cortês e bondoso para com todos. Um senso da presença constante de Cristo preveniria a violação do direito dos outros, prática tão comum no mundo, porém uma ofensa a Deus. O amor de Jesus precisa ser incorporado à vida dos obreiros nos vários departamentos do escritório, de forma que a justiça possa ser feita não somente à obra, mas uns para com os outros.

A primeiríssima obra, meus irmãos, é assegurar a bênção de Deus em seu próprio coração. Então levem essa bênção para seu lar, abandonem suas críticas, vençam suas maneiras exigentes, e deixem que prevaleça o espírito de boa disposição e bondade. A atmosfera de seu lar irá com vocês para o escritório, e uma paz celeste lhes circundará a alma. Onde quer que reine o amor de Jesus, aí existe compassiva ternura e consideração pelos outros. A mais preciosa obra em que se podem empenhar meus irmãos é a de cultivar um caráter semelhante ao de Cristo.

Foi-me mostrado que aqueles que presidem nossas instituições deveriam ter em mente que existe um Diretor-Superintendente, que é o Deus do Céu. É necessária estrita honestidade em todas as transações comerciais de cada departamento da obra. É preciso que haja firmeza na preservação da ordem, mas aliada à compaixão, piedade e paciência. A justiça tem um irmão gêmeo, o amor. Eles precisam estar lado a lado. A Bíblia deveria ser nosso guia. Não pode haver engano maior para o homem do que pensar ele haver um melhor guia, quando em dificuldades, do que a Palavra de Deus. A bendita Palavra deve ser a lâmpada para os nossos pés. Os preceitos bíblicos devem ser entretecidos à vida diária.