Aqueles que participam de nossos concílios necessitam assentar-se diariamente aos pés de Jesus e aprender em Sua escola a serem mansos e humildes de coração. Como são homens fracos e errantes eles próprios, devem nutrir sentimentos de bondade e piedade pelos outros, também transviados. Eles não se acham preparados para tratar justamente, amar em compaixão e exercer a verdadeira cortesia que caracterizou a vida de Cristo, a menos que vejam a necessidade de estar em união com Ele. Os dirigentes precisam compreender que estão sob contínua observação divina e que, como homens finitos, devem agir com um permanente senso de que são passíveis de cometer erros na formação de planos, a menos que estejam intimamente ligados a Deus e buscando remover cada deficiência de seu caráter. O padrão divino precisa ser atingido.
Cada um que assiste às mesas administrativas precisa buscar diligentemente a sabedoria do alto. A transformadora graça de Cristo deveria ser sentida em cada reunião. Então, a influência do Espírito de Cristo sobre o coração dos presentes amoldará adequadamente sua obra. Ela dominará as ações tumultuosas e eliminará os profanos efeitos do mundanismo, que torna os homens mordazes, críticos, arrogantes e prontos a acusar.
Nessas reuniões são apresentadas orações formais de algumas palavras, mas os corações dos presentes não são levados em harmonia com Deus pela fervente e importuna oração, oferecida em viva fé e num espírito humilde e contrito. Se os dirigentes se divorciam do Deus da sabedoria e poder, não podem preservar aquela elevada integridade de caráter que Deus exige no tratar com seus semelhantes. Sem a divina sabedoria, acabarão por usar o próprio entendimento nas decisões que tomam. Caso esses homens não estejam em comunicação com Deus, Satanás certamente será um dos presentes em seus concílios e tirará vantagem de sua condição não-consagrada. Atos de injustiça serão cometidos porque Deus não estará presidindo. O Espírito de Cristo precisa ser aquele poder permanente e controlador no coração e na mente.
Vocês têm de levar consigo o Senhor em cada um dos concílios. Se perceberem Sua presença nas assembléias, cada transação será consciente e piedosamente considerada. Todo motivo inescrupuloso será reprimido e a retidão conformará todas as negociações, tanto nas pequenas como nas grandes questões. Busquem primeiro o conselho de Deus, pois ele é necessário antes que vocês possam aconselhar-se convenientemente.
Os irmãos precisam vigiar, temendo que as atarefadas atividades da vida os levem a negligenciar a oração, justamente quando mais necessitam do poder que ela pode proporcionar. A piedade está em perigo de ser excluída por causa da dedicação excessiva aos negócios. Esse é um grande mal que espolia a alma da força e da sabedoria celestial que estão esperando ser solicitadas. Vocês precisam daquela iluminação que somente Deus pode conceder. Ninguém está apto a tratar de Seus negócios, a não ser que possua essa sabedoria.
Desde que a Sociedade de Publicações foi formada, tem sido de tempos em tempos derramada luz quando surgem perplexidades, e o Senhor com freqüência tem estabelecido princípios que devem ser praticados por todos os obreiros. Na experiência inicial da obra, as importantes responsabilidades postas sobre os que estavam em posições de confiança eram continuamente mantidas diante de nós, e buscávamos o Senhor de três a quatro vezes por dia para obter sabedoria celestial, a fim de que pudéssemos consagradamente defender os interesses da causa de Deus e de Seu povo peculiar.
É a pior espécie de tolice deixar o Senhor fora de nossos concílios e pôr a esperança na sabedoria humana. Vocês estão em seus cargos de confiança, em especial sentido, para serem a luz do mundo. Deveriam, pois, sentir um intenso desejo de pôr-se em ligação com o Deus da sabedoria, luz e conhecimento, para poderem ser condutos de luz. Devem ser considerados os importantes interesses que se referem ao avançamento e prosperidade da causa da verdade presente. Como, então, podem vocês ser competentes para tomar corretas decisões, fazer planos sábios e dar conselho inteligente, se não estiverem conectados com a Fonte de toda sabedoria e justiça? As decisões tomadas em seus concílios têm sido consideradas muito ligeiramente. Conversações comuns, observações comuns, comentários sobre ações de outros, têm tido lugar nessas importantes reuniões. Vocês deveriam recordar-se de que o Eterno Deus é testemunha de todas essas assembléias. Os olhos atentos de Jeová analisam cada urna de suas decisões e as comparam com Sua santa lei, Seu grande padrão de justiça. Os conselheiros devem ser homens de oração, de fé, isentos de egoísmo, que não ousem apoiar-se na própria humana sabedoria, mas orem ferventemente por luz como a melhor maneira de conduzir os assuntos que lhes foram confiados.
Política mundana
A política que os negociantes mundanos adotam não deve ser aquela escolhida e praticada pelos homens que estão ligados a nossas instituições. Política egoísta não é procedente do Céu, mas terrena. Neste mundo a filosofia predominante é: "O fim justifica os meios", e tal idéia pode ser reconhecida em cada ramo de negócio. Há uma influência controladora em cada classe da sociedade, nos grandes concílios de nações e onde quer que o Espírito de Cristo não seja o princípio dominante. Prudência e cautela, tato e habilidade, deveriam ser cultivados por todo elemento que está ligado ao escritório de publicações e por aqueles que servem em nosso colégio e hospital. Mas as leis da justiça e retidão não podem ser postas de lado e não deve prevalecer o princípio de que cada um deve fazer de seu particular ramo da obra um sucesso, sem consideração para com as outras ramificações. Os interesses de todas deveriam ser zelosamente resguardados, a fim de que o direito de nenhuma delas seja violado. No mundo, o deus do comércio é freqüentemente o mesmo da fraude, mas não deve ser assim com aqueles que estão tratando da obra do Senhor. O modelo mundano não é o mesmo daqueles que estão relacionados com as coisas sagradas.
Quando as cenas do Juízo foram trazidas perante mim, os livros nos quais estão registradas as obras dos homens revelaram o fato de que o relacionamento comercial de alguns que professam piedade em nossas instituições seguiu o modelo mundano e não está em total acordo com o grande padrão de justiça divino. A história dos homens em seu trato de uns com os outros, especialmente os que trabalham na obra de Deus, foi plenamente aberta diante de mim. Vi que não deveria haver qualquer transação confinada e ardilosa entre irmãos que representam importantes instituições, diferentes, talvez, em caráter, mas ramificações da mesma obra. Um espírito nobre e generoso semelhante ao de Cristo deveria ser constantemente mantido por eles. A índole avarenta não pode ter lugar em suas transações. A causa de Deus não pode avançar por meio de qualquer ação contrária ao espírito e caráter de Cristo. O modo egoísta de um provocará a mesma disposição em outros, mas a manifestação de liberalidade e real cortesia despertará o mesmo espírito em retorno, e agradará nosso Pai celestial.
Política mundana não deve ser classificada como saudável discrição, embora seja freqüentemente confundida com isso. Ela é uma espécie de egoísmo, qualquer que seja a razão pela qual é exercida. Discrição e sadio discernimento nunca são estreitos em suas atuações. A mente guiada por esses parâmetros possui idéias amplas e não se restringe a apenas um objetivo. Ela enfoca as coisas de todos os pontos de vista. Mas a política mundana tem um restrito campo de visão. Ela pode ver um objeto mais próximo, à mão, mas falha em identificar os que se acham à distância. Está sempre atenta a oportunidades de obter vantagem. Aqueles que seguem uma política mundana estão se firmando para arrancar o fundamento que outros homens edificaram. Cada estrutura precisa ser posta sobre um reto fundamento para que possa permanecer.
Direitos autorais de livros
Trabalhadores intelectuais possuem um capital concedido por Deus. O resultado de seu estudo pertence a Deus e não ao homem. Se o obreiro dedicar fielmente a seu empregador o tempo pelo qual é pago, então este não possui posteriores reclamos sobre ele. E se por diligente e estrita economia de tempo ele prepara outra matéria útil à publicação, é seu direito usá-la da melhor maneira que achar para servir à causa de Deus. Se ele abre mão de tudo menos de um pequeno direito autoral, prestou um bom serviço para aqueles que trabalham com o livro e não lhe deveria ser pedido fazer mais. Deus não pôs sob a diretoria de publicações a responsabilidade de ser consciência para os outros. Não deveriam eles tentar forçar os homens a aceitar seus termos.
Os autores são responsáveis a Deus pelo uso que fazem de seus meios. Haverá muitos pedidos de dinheiro. Os campos missionários terão de ser penetrados e isso requererá grande desembolso. Aqueles a quem Deus confiou talentos devem negociar com eles de acordo com sua habilidade, pois têm parte a desempenhar em promover esses interesses. Quando os membros da diretoria argumentam que todos os lucros de nossos livros denominacionais devem ficar com a Sociedade de Publicações e seus agentes, e que os autores, depois de terem sido pagos pelo tempo e custas de escrever um livro, teriam de abandonar seus reclamos de participação nos lucros, estão se ocupando de um trabalho que não deveriam. Esses escritores têm tanto interesse na causa de Deus como aqueles que compõem o Conselho de Depositários. Alguns deles têm tido ligação com a obra quase que desde a sua infância.
Foi-me mostrado que há homens pobres cujo único meio de sustento era seu trabalho intelectual; também há homens de negócios ligados a nossas instituições que não cresceram com elas e não tiveram o benefício de toda a instrução que Deus tem dado, de tempos em tempos, com referência à sua administração. Eles não incorporaram a verdadeira religião, o espírito de Cristo, em seus negócios. A Sociedade de Publicações não deveria, portanto, tornar-se um poder absolutamente controlador. Talentos e direitos individuais precisam ser respeitados. Se fossem feitos arranjos para investir todos os resultados do talento pessoal na Sociedade de Publicações, outros interesses importantes seriam prejudicados.
A cada homem Deus deu sua obra. A alguns Ele outorgou talentos de meios e influência, e aqueles que têm os interesses de Sua causa no coração serão capazes de ouvir a voz divina dizendo-lhes o que fazer. Assumirão a responsabilidade de impulsionar a obra para onde ela deve ser direcionada.
Muitas vezes foi-me chamada a atenção para o espírito estreito e mesquinho manifestado para com o irmão H, desde o início de seus trabalhos em Battle Creek. Foi-me penoso declarar a razão. Isso ocorreu porque ele lá chegou como estrangeiro e em pobreza. Porque era pobre foi colocado em posições desagradáveis e sua falta de meios lhe pesou mais. Os dirigentes das instituições pensaram que poderiam impor-lhe condições e fizeram-no passar por um período muito difícil. Há capítulos deploráveis em sua experiência, os quais não teriam passado para a história se seus irmãos houvessem sido bondosos e tratado-o de maneira cristã. A causa do Senhor sempre deveria estar livre da mais leve injustiça. Nenhum ato nela praticado deveria conter o mais leve grau de mesquinhez ou opressão.
O Senhor preserva o interesse de cada homem. Ele sempre foi amigo do pobre. Há a mais espantosa escassez do amor de Cristo no coração de quase todos os que manejam as coisas sagradas. Eu desejaria dizer a meus irmãos de toda parte: Cultivem o amor de Cristo! Deve ele brotar da alma do cristão quais torrentes no deserto, refrigerando e aformoseando, trazendo às vidas alheias e à própria, alegria, paz e felicidade. "Nenhum de nós vive para si mesmo." Romanos 14:7. Se for feita a mínima opressão aos pobres ou houver injusto trato com eles, tanto nas pequenas como nas grandes coisas, Deus considerará responsável o opressor.
Que não se imponham termos que não sejam justos e claros com o Pastor J ou o Prof. H, ou com qualquer outro obreiro intelectual. Não sejam obrigados ou forçados a aceitar os termos daqueles que não sabem o que é fazer livros. Esses homens têm uma consciência e são responsáveis a Deus pelo capital que lhes foi confiado e o uso que dele fazem. Vocês não devem servir de consciência para eles. Eles precisam dispor do privilégio de investir os meios que puderem adquirir por trabalho duro, quando e onde o Espírito de Deus indicar.
Meus irmãos precisam lembrar-se de que a causa de Deus engloba muito mais do que a Casa Publicadora de Battle Creek e as outras instituições ali estabelecidas. Ninguém sabe melhor do que o irmão J como aquele escritório veio à existência. Ele esteve ligado à obra de publicações desde seu começo, quando ela era oprimida pela pobreza, quando o alimento sobre as mesas dificilmente era suficiente para atender às necessidades da natureza, porque havia sido praticada abnegação no comer, no vestir e em nossos salários, de forma que o papel pudesse ter vida. Isso foi positivamente necessário então, e aqueles que passaram por essa experiência deveriam estar prontos, sob circunstâncias similares, a fazer o mesmo novamente.
Não é conveniente àqueles que não passaram por essas tribulações, e que estão ligados à obra em sua presente prosperidade, insistir com os obreiros veteranos para que se submetam a seus termos, nos quais não podem ver qualquer justiça. O irmão J ama a causa de Deus e investirá seus recursos onde vir que são necessários para prosperá-la. Então, deixem a responsabilidade de receber e aplicar esses meios a quem ela pertence, a homens a quem Deus confiou talentos de influência e capacidade. Eles são responsáveis diante de Deus. Nem a Sociedade de Publicações nem seus dirigentes deveriam apropriar-se da mordomia desses autores.
Se a Mesa fosse competente para impor condições aos irmãos H e J, será que esses autores sentiriam terem sido tratados injustamente? Não se abriria uma porta de tentação diante deles, a qual interferiria com a simpatia e a harmonia de ação? Houvessem os administradores se apropriado de todos os lucros, e isso não seria bom para a causa e ainda produziria uma sucessão de males desastrosos para a Sociedade de Publicações. Tal condição encorajaria o espírito de intolerância que já se manifesta em certa medida nos concílios. Satanás anseia que um espírito estreito e presunçoso, o qual Deus não pode aprovar, tome posse dos homens ligados à sagrada mensagem da verdade.
Os mesmos princípios que se aplicam à obra em nossas instituições de Battle Creek, ajustam-se ao campo em geral. O seguinte trecho foi extraído de uma carta escrita ao irmão K, em 8 de Novembro de 1880:
"Há um amplo campo para os obreiros, mas muitos estão extrapolando a simplicidade da obra. Agora é tempo de trabalhar e fazê-lo sob o sábio conselho de Deus. Se vocês vincularem pessoas não consagradas às missões e Escolas Sabatinas, a obra se transformará em mera formalidade. Os obreiros de cada setor do campo precisam estudar como trabalhar com economia e na simplicidade de Cristo, e como fazer planejamentos bem-sucedidos para conquistar corações.
"Estamos em perigo de nos expandir no território e iniciar mais empreendimentos do que podemos cuidar adequadamente. Há perigo de negligenciar algumas partes importantes da obra em razão de atenção excessiva a outras. Ocupar-se com tão grande volume de trabalho que ninguém possa fazer com perfeição, é um plano mau. Devemos avançar, mas não de modo a lesar tanto a simplicidade da obra, que seja impossível cuidar de todos os empreendimentos sem sacrificar nossos melhores auxiliares a fim de manter as coisas num ritmo acelerado. A vida e a saúde devem ser preservadas.
"Conquanto devamos estar sempre prontos a seguir as oportunidades proporcionadas pela providência divina, é importante que não façamos planos maiores do que os auxílios e meios que podemos dispor para executá-los com sucesso. Precisamos manter e aumentar o interesse nos empreendimentos já iniciados.
"Enquanto grandes planos e amplos campos estão sendo constantemente abertos, deve haver perspectivas mais amplas com relação à seleção e treinamento de obreiros que devem trabalhar para trazer pessoas à verdade. Nossos jovens pastores precisam ser encorajados a lançar mão do trabalho com energia e levá-lo adiante com simplicidade e perfeição. Fico pasmada de ver em quão pouca apreciação nossos jovens pastores são tidos e quão pequeno o estímulo que recebem. Contudo, alguns deles empenham-se no trabalho e fazem toda e qualquer coisa por interesse egoísta.
"Mesquinhez e trato desonesto não devem ocorrer nos acordos com os obreiros, tantos os de mais alto como de mais baixo escalão. ... Precisa haver mais de Cristo e menos do eu. Críticas severas deveriam ser reprimidas. Cada obreiro deveria cultivar individualmente simpatia, compaixão e amor. A menos que Jesus entre e tome posse do coração, a menos que o eu seja subjugado e Cristo exaltado, não prosperaremos como um povo. Rogo-lhe, meu irmão, que trabalhe exclusivamente para Deus, não fazendo muitos planos, mas lutando para levar cautelosamente a obra adiante e com tal integridade que ela permaneça."