Prezado irmão Q:
Acho ótimo que você esteja hoje em _____, e se cumprir o seu dever, será o homem certo no lugar certo. Conserve fora de vista o próprio eu; não permita que ele se apresente para manchar a obra, embora isso seja natural. Ande humildemente com Deus. Trabalhe pelo Mestre com energia desinteressada, tendo presente uma intuição da constante presença de Deus. Pense em Moisés, na perseverança e paciência que lhe caracterizaram a vida. Paulo, em sua epístola aos Hebreus, diz: "Ficou firme, como vendo o Invisível." Hebreus 11:27. O caráter que Paulo assim credita a Moisés não indica simples resistência passiva ao mal, mas perseverança no bem. Tinha sempre presente o Senhor, e o Senhor estava sempre à sua mão direita para o ajudar.
Moisés tinha profunda intuição da presença pessoal de Deus. Não só olhava através dos séculos, aguardando a manifestação de Cristo na carne, mas viu a Cristo de maneira especial acompanhando os filhos de Israel em todas as suas peregrinações. Deus lhe era real, sempre presente em seus pensamentos. Quando mal compreendido, quando chamado a enfrentar perigo e suportar insultos por amor de Cristo, sofreu-o sem vingança. Moisés cria em Deus como Aquele de quem ele necessitava, e que o ajudaria por causa de sua necessidade. Era-lhe Deus um auxílio presente.
Grande parte da fé que presenciamos é meramente nominal; é rara a fé real, confiante e perseverante. Moisés viu cumprida em sua própria experiência a promessa de que Deus há de ser um galardoador dos que O buscam diligentemente. Tinha ele respeito para com o galardão da recompensa. Aqui está outro ponto que desejamos estudar acerca da fé: Deus recompensará o homem de fé e obediência. Se essa fé for introduzida na experiência da vida, ela habilitará a quem quer que tema e ame a Deus a suportar as provas. Moisés era cheio de confiança em Deus porque tinha uma fé que se apropriava das bênçãos. Ele precisava de auxílio, e por ele orou, apoderou-se dele pela fé, e entreteceu em sua experiência a crença de que Deus dele cuidava. Cria que Deus lhe regia a vida, particularmente. Viu e reconheceu a Deus em cada pormenor de sua vida e sentia estar sob o olhar dAquele que tudo via, que pesa os motivos, que prova o coração. Olhava a Deus e nEle confiava quanto à força para atravessar toda forma de tentação sem se corromper. Ele sabia que lhe fora designada uma obra especial, e desejava, quanto possível, tornar essa obra um êxito completo. Mas sabia que não poderia fazê-lo sem o auxílio divino, pois tinha que tratar com um povo perverso. A presença de Deus era suficiente para conduzi-lo através das situações mais difíceis em que um homem possa ser colocado.
Moisés não só pensava em Deus; ele O via. Deus era a constante visão que tinha presente; nunca Lhe perdeu de vista a face. Via a Jesus como seu Salvador, e cria que os méritos do Salvador lhe seriam imputados. Essa fé não era para Moisés simples conjectura; era uma realidade. Esta é a espécie de fé de que carecemos, fé que há de suportar a prova. Oh, quantas vezes cedemos à tentação porque não mantemos os olhos fitos em Jesus! Nossa fé não é contínua porque, mediante a condescendência com nós mesmos, pecamos, e então não podemos perseverar, "como vendo o Invisível".
Meu irmão, faça de Cristo seu Companheiro de cada dia, cada hora, e não se queixará de que não tem fé. Contemple a Cristo. Olhe a Seu caráter. Fale a Seu respeito. Quanto menos se exaltar a si mesmo, tanto mais verá em Jesus digno de exaltar. Deus tem uma obra para o irmão fazer. Mantenha o Senhor sempre presente. Irmão e irmã Q, elevem-se mais e mais, em busca de mais claras visões do caráter de Cristo. Quando Moisés orou: "Rogo-Te que me mostres a Tua glória", o Senhor não o repreendeu, mas atendeu-lhe a oração. Declarou Deus ao Seu servo: "Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti." Êxodo 33:19. Nós nos mantemos afastados de Deus, e por isso é que não vemos as manifestações de Seu poder.
A presença de Cristo na escola do lar
Prezado irmão e irmã, que o Senhor conceda sabedoria a vocês para que saibam como lidar com a mente das pessoas. Que o Senhor consiga ensiná-los sobre as grandes coisas que Ele pode realizar, caso apenas as pessoas nEle creiam. Levem a Jesus com vocês, como um Companheiro, para a sala de aulas. Tenham-nO sempre presente quando estiverem falando, para que a bondade seja uma constante em seus lábios. Que ninguém mais lhes sirva de inspiração nesse particular. Permitam que os filhos sob o seu cuidado tenham individualidade, como vocês mesmos. Sempre procurem guiá-los, mas nunca forçá-los.
Vejo aqui na Suíça algo que julgo digno de imitação. Os professores das escolas muitas vezes saem com os alunos quando estão brincando e os ensinam a entreter-se, ficando perto para reprimir qualquer desordem ou erro. Às vezes saem com os alunos para uma longa caminhada. Aprecio isto; penso que há menos oportunidade para as crianças cederem à tentação. Parece que os professores participam das brincadeiras das crianças e as supervisionam. Não posso de modo algum aprovar a idéia de que as crianças devam sentir-se constantemente como não merecendo confiança, não podendo agir como crianças. Mas participem os professores dos entretenimentos das crianças, unam-se a elas e mostrem que desejam vê-las felizes, e isso lhes inspirará confiança. Podem ser controladas pelo amor, sem que haja a necessidade de segui-las em suas refeições e em seus entretenimentos com rigorosa e inflexível severidade.
Os que jamais tiveram os próprios filhos -- permita-se-me dizer aqui -- não são em geral os mais qualificados para de modo sábio cuidar das mentes diversificadas de crianças e jovens. Eles são aptos para fazer uma lei da qual não pode haver apelação. Devem os professores ter em mente que eles mesmos já foram crianças um dia. Devem adaptar os seus ensinos à mente das crianças, pondo-se eles próprios em simpatia com elas; então podem as crianças ser instruídas e beneficiadas tanto por preceito como por exemplo.
Que o espírito de Jesus venha moldar seu coração, burilar seu caráter, para elevar e enobrecer sua alma! Cristo disse aos discípulos: "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." Mateus 18:3. É preciso deixar de lado algumas regras de ferro, dobrar um pouco a espinha e ficar no nível da humildade da criança. Oh, se um pouco do espírito de severidade gratuita fosse trocado pelo espírito do amor, quanta felicidade e alegria tomariam o lugar do desânimo e do senso de culpa!