Testemunhos para a Igreja, 6

Capítulo 32

O Dever Para Com os da Nossa Fé

Há duas classes de pobres que temos sempre ao nosso alcance -- os que se arruínam a si mesmos por sua maneira de agir independente e que continuam na transgressão, e os que por amor da verdade foram levados a circunstâncias difíceis. Devemos amar nosso próximo como a nós mesmos e, então, a essas classes, sob a guia e conselho de uma sã prudência, faremos o que for justo.

Não há dúvidas quanto aos pobres do Senhor. Esses devem ser ajudados em todo caso em que isso seja para seu benefício.

Deus quer que Seu povo revele ao mundo pecador que Ele não os deixou a perecer. Devem ser feitos especiais esforços para ajudar os que foram expulsos de seus lares por amor da verdade, sendo obrigados a sofrer. Haverá mais e mais necessidade de corações largos, francos, e generosos, corações que se neguem a si mesmos e se interessem pelos casos desses a quem o Senhor ama. Os pobres entre o povo de Deus não devem ser deixados sem providências a suas necessidades. Cumpre encontrar algum meio pelo qual possam ter a subsistência. Alguns precisarão ser ensinados a trabalhar. Outros, que trabalham ao máximo de suas forças a fim de sustentar a família, necessitarão de especial assistência. Devemos interessar-nos por esses casos e ajudá-los a encontrar emprego. Deve haver um fundo para ajudar essas dignas famílias pobres que amam a Deus e guardam Seus mandamentos.

É preciso cuidar que os meios necessários a essa obra não sejam desviados para outros desígnios. É diferente se ajudamos os pobres que, devido a observarem os mandamentos de Deus, são reduzidos à escassez e sofrimento, ou se negligenciamos esses a fim de ajudar os que blasfemam e pisam os mandamentos de Deus. E o Senhor considera a diferença. Os observadores do sábado não devem passar pelos necessitados e aflitos do Senhor, e passarem a sustentar os que continuam em transgressão da lei de Deus, os que estão sendo educados a esperar auxílio de quem quer que os sustente. Essa não é a verdadeira espécie de obra missionária. Não está em harmonia com o plano do Senhor.

Sempre que se estabelece uma igreja, seus membros devem fazer uma obra fiel em favor dos crentes necessitados. Mas não deveria ficar nisso. Devem também ajudar a outros, independentemente de sua fé. Em resultado de tais esforços, alguns desses receberão as verdades especiais para este tempo.

Os pobres, os doentes e os idosos

"Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos em alguma das tuas portas, na tua terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes lhe abrirás de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. Guarda-te, que não haja palavra de Belial no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão; e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti pecado. Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a tua mão. Pois nunca cessará o pobre do meio da Terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra." Deuteronômio 15:7-11.

Devido a certas circunstâncias, alguns dos que amam e obedecem a Deus caem em pobreza. Outros não são cuidadosos; não sabem se dirigir. Outros ainda são pobres por causa de doenças e infortúnios. Seja qual for a causa, acham-se necessitados, e ajudá-los é um importante ramo da obra missionária.

Todas as nossas igrejas devem cuidar de seus pobres. Nosso amor para com Deus deve exprimir-se no fazer o bem aos necessitados e sofredores da família da fé, cujas carências nos chegam ao conhecimento e exigem nosso cuidado. Toda pessoa se acha diante de Deus sob particular obrigação de observar com especial compaixão Seus pobres dignos. Sob consideração alguma devem eles ser passados por alto.

Escreve Paulo à igreja de Corinto: "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente, pedindo-nos com muitos rogos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus; de maneira que exortamos a Tito que, assim como antes tinha começado, assim também acabe esta graça entre vós." 2 Coríntios 8:1-6.

Houve uma fome em Jerusalém, e Paulo sabia que muitos dos cristãos se haviam dispersado e que os que haviam ficado estariam da mesma maneira privados de simpatia humana e expostos à inimizade religiosa. Exortou, portanto, as igrejas a enviarem ajuda financeira a seus irmãos em Jerusalém. A importância arrecadada pela igreja excedera à expectativa dos apóstolos. Constrangidos pelo amor de Cristo, os crentes deram liberalmente, e encheram-se de alegria por exprimirem assim sua gratidão ao Redentor e seu amor pelos irmãos. Essa é a verdadeira base da caridade, segundo a Palavra de Deus.

Insiste-se constantemente no assunto da necessidade do cuidado pelos nossos irmãos idosos que não têm lar. Que pode ser feito por eles? A luz que o Senhor me deu é muito clara: Não é o melhor estabelecer instituições para cuidar dos idosos, para que fiquem juntos, em companhia uns dos outros, nem devem eles ser mandados embora de casa para receberem cuidados. Os membros de cada família devem cuidar dos seus próprios parentes. Quando isso não for possível, o trabalho cabe à igreja, e deve ser aceito como dever e privilégio. Todos os que têm o espírito de Cristo hão de considerar os debilitados e idosos com especial respeito e ternura.

Deus permite que os pobres se achem dentro dos limites de toda igreja. Eles estarão sempre conosco, e o Senhor põe sobre os membros de toda igreja uma responsabilidade pessoal de cuidar deles. Não devemos passar a outros nosso encargo. Cumpre-nos manifestar aos que se acham ao nosso redor o mesmo amor e simpatia que Cristo demonstraria, caso estivesse em nosso lugar. Assim devemos ser disciplinados a fim de preparar-nos para trabalhar segundo Cristo.

O pastor deve educar as várias famílias e fortalecer a igreja para cuidar dos próprios doentes e pobres. Ele deve levar o povo a utilizar as condições que Deus lhe deu, e se uma igreja está sobrecarregada nesse sentido, outras devem chegar em auxílio. Apliquem os membros das igrejas talento e tato no cuidado deles, do povo de Deus. Neguem-se eles a si mesmos luxo e adornos desnecessários, a fim de dar conforto aos sofredores necessitados. Assim fazendo, põem em prática as instruções dadas no capítulo cinqüenta e oito de Isaías, e lhes pertencerão as bênçãos proferidas ali.