Aos Médicos Missionários
Cristo, o grande Médico Missionário, veio a nosso mundo como o ideal de toda verdade. A verdade jamais enfraqueceu nos Seus lábios, jamais sofreu em Suas mãos. Palavras de verdade romperam de Seus lábios com o frescor e poder de uma nova revelação. Desdobrou Ele os mistérios do reino dos Céus, apresentando jóia após jóia de verdade.
Cristo falou com autoridade. Toda a verdade essencial ao conhecimento das pessoas proclamou Ele com a indubitável certeza do conhecimento. Nada proferiu de fantasioso ou sentimentalista. Não apresentou sofismas, nem opiniões humanas. Nada de contos vazios, nenhuma falsa teoria revestida de linguagem bonita, brotou de Seus lábios. As declarações que emitiu foram verdades estabelecidas a partir de conhecimento pessoal. Anteviu as enganadoras doutrinas que encheriam o mundo, mas não as revelou. Em Seus ensinamentos, tratou dos imutáveis princípios da Palavra de Deus. Enalteceu as verdades simples e práticas que o povo comum era capaz de entender e aplicar em sua experiência diária.
Cristo poderia haver desvendado aos homens as mais profundas verdades da ciência. Poderia haver revelado mistérios que requereram séculos de árduo estudo a fim de serem penetrados. Poderia haver apresentado sugestões em assuntos científicos, que teriam resultado em alimento para o raciocínio e estímulo para invenções até o tempo do fim. Mas não Se ocupou disso. Nada proferiu para satisfazer a curiosidade ou para gratificar as ambições humanas abrindo as portas para a humana grandeza. Em todos os Seus ensinamentos, Cristo conduziu a mente das pessoas ao contato com a Mente Infinita. Não conduziu os homens ao estudo das teorias humanas a respeito de Deus, Sua Palavra ou Suas obras. Ensinou-lhes a contemplar a Deus conforme manifesto em Suas obras, Sua Palavra e Sua providência.
A vitória de Cristo sobre a incredulidade
Enquanto aqui na Terra, o Filho de Deus foi o Filho do homem; ainda assim, em certas ocasiões Sua divindade irradiava. Foi o que ocorreu quando disse ao paralítico: "Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados." Mateus 9:2.
"E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seu coração." Marcos 2:6. "Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?" Lucas 5:21.
"Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vosso coração? Pois o que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados te são os teus pecados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados -- disse então ao paralítico: Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa." Mateus 9:4-6.
O grande Médico Missionário removeu os pecados do paralítico, e então o apresentou a Deus como perdoado. Deu-lhe também a cura física. Deus concedera a Seu Filho o poder de lançar mão do trono eterno. Embora Cristo Se apresentasse em Sua própria personalidade, refletiu o brilho da posição de honra que ocupara em meio à enriquecedora luz do trono eterno.
Noutra ocasião, Cristo requereu do Pai: "Pai, glorifica o Teu nome." E a resposta veio através de uma voz do Céu, que disse: "Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei." João 12:28.
Se essa voz não convenceu o impenitente, se o poder de Cristo manifestado em Seus poderosos milagres não levou os judeus a crerem, não deveríamos surpreender-nos grandemente ao constatar que homens e mulheres dos dias de hoje se encontram em perigo, através de contínua associação com incrédulos, que manifestam o mesmo espírito descrente que os judeus apresentaram, e que desenvolvem a mesma compreensão pervertida.
Tenho-me sentido indescritivelmente triste ao considerar aquilo que tem sido aberto diante de mim, relacionado com o estado de coisas que ocorrem em Battle Creek e em outros centros do nosso trabalho, onde grande luz tem brilhado. No passado, quando os assuntos eram apresentados como errados, havia a compreensão do erro, e isso era seguido de confissão, arrependimento e ampla reforma. Mas ultimamente não têm existido mordomos fiéis para reprimir o mal que precisa ser reprimido. Deveríamos nós, então, sentir-nos surpresos de que esteja a ocorrer uma grande cegueira espiritual?
Aqueles que estão envolvidos com o ministério evangélico precisam aprender de Cristo, de Sua bondade e mansidão, precisam converter-se inteiramente para que sua vida testifique ao mundo morto em pecados e transgressões que eles nasceram de novo. Os obreiros médico-missionários também necessitam de conversão. Quando isso ocorrer, sua influência será um vigoroso poder para o bem do mundo. Desejarão receber conselho e ajuda de seus irmãos, pois haverão sido santificados na verdade. Diariamente receberão ricos suprimentos da graça do Céu, a fim de compartilhá-la com outros.
A cada um de Seus indicados agentes, o Senhor envia a mensagem: "Assuma posição em seu posto de dever, e permaneça firme ao que é correto." Sou instruída a dizer a todos: "Encontrem o seu lugar. Não recebam os fantasiosos sentimentos de homens que não foram ensinados por Deus. Cristo está esperando para dar-lhes vislumbres das coisas celestiais; esperando para acelerar seu pulso espiritual em favor de renovada atividade. Não mais subordinem os requisitos dos futuros e eternos interesses aos embates comuns desta vida. 'Não podeis servir a Deus e a Mamom.' Mateus 6:24. Despertem, despertem!"
A dimensão da obra médico-missionária não é entendida. A obra médico-missionária que se requer agora é a esboçada na comissão dada por Cristo aos Seus discípulos precisamente antes de Sua ascensão. "É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra", disse Ele. "Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:18-20.
Essas palavras indicam nosso campo e nossa obra. Nosso campo é o mundo; nossa obra a proclamação das verdades que Cristo veio ao mundo anunciar. Os homens e as mulheres devem ter oportunidade de adquirir conhecimento da verdade presente, a oportunidade de saber que Cristo é o seu Salvador, que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16.
Advertência contra a centralização
Cristo incluiu o mundo todo em Sua obra missionária, e o Senhor me mostrou, por meio de revelação, que não é plano Seu que sejam construídos grandes centros, que sejam estabelecidas grandes instituições e que as economias de nosso povo em todas as partes do mundo sejam consumidas na manutenção de umas poucas instituições grandes, quando as necessidades do momento exigem que alguma coisa seja feita, quando a Providência abre o caminho em muitos lugares. Devem ser providenciadas instalações em vários lugares, distribuídas por todo o mundo. Primeiro uma, depois outra parte da vinha deve ser penetrada, até que toda ela tenha sido cultivada. Deve-se fazer esforços onde quer que a necessidade seja maior. Mas não podemos prosseguir com essa luta intensiva e ao mesmo tempo fazer investimentos extravagantes de meios em uns poucos lugares.
O Sanatório de Battle Creek é muito grande. Grande número de obreiros será exigido para cuidar dos pacientes que chegarem. Um décimo dos pacientes que vêm para essa instituição é tudo de que se pode cuidar com os melhores resultados em um centro médico-missionário. Deveriam ser estabelecidos centros em todas as cidades que não estão informadas da grande obra que o Senhor deseja ver realizada para advertir o mundo de que o fim de todas as coisas está próximo. "Há demais em um só lugar", diz o Grande Instrutor.
Os que se preparam para se dedicar à obra médico-missionária nos países estrangeiros devem ir aos lugares que consideram seu campo de trabalho, e começar a trabalhar diretamente entre o povo, aprendendo a língua enquanto trabalham. Muito em breve notarão que são capazes de ensinar as verdades simples da Palavra de Deus.
Um campo negligenciado próximo a nós
Há neste país um campo vasto e sem cultivo. Os negros, em número de milhares e milhares, apelam para a consideração e simpatia de todo verdadeiro crente em Cristo. Essas pessoas não vivem em um país estrangeiro e não se prostram diante de ídolos de madeira e de pedra. Vivem entre nós e, vez após vez, tem Deus chamado nossa atenção para elas por meio do testemunho, do Seu Espírito, dizendo-nos que há seres humanos negligenciados.
Esse vasto campo apresenta-se não trabalhado perante nós, clamando pela luz que Deus nos concedeu em confiança.