Testemunhos para a Igreja, 9

Capítulo 20

A obra de publicações em College View

Aprovo os esforços que têm sido empreendidos para estabelecer nossa obra de publicações para a Alemanha e Escandinávia, em College View. Almejo que planos sejam divisados para o estímulo e fortalecimento desse trabalho.

Não devemos deixar sobre nossos irmãos estrangeiros todo o peso do fardo dessa obra. Da mesma forma, não devem nossos irmãos em todo o campo deixar uma carga tão pesada sobre as associações próximas a College View. Os membros dessas associações devem empreender o seu melhor, apoiando esse trabalho. A verdade deve ser proclamada a todas as nações, tribos, línguas e povos.

Nossos irmãos alemães, dinamarqueses e suecos não possuem boas razões para não serem capazes de agir em harmonia com a obra de publicações. Os que crêem na verdade, devem lembrar-se de que são pequenos filhos de Deus, que se encontram sob o Seu treinamento. Sejam eles agradecidos a Deus por Sua múltipla misericórdia, manifestando-se amáveis uns com os outros. Possuem eles um só Deus e apenas um Salvador. Um só Espírito -- o Espírito de Cristo -- deve produzir a unidade em suas fileiras.

Após a ressurreição, Cristo subiu ao Céu, onde até hoje apresenta nossas necessidades diante do Pai. "Eis que, na palma das Minhas mãos, te tenho gravado." Isaías 49:16. Custou algo gravar-nos ali. Custou indescritível agonia.

Se nos humilhássemos perante Deus, e fôssemos bondosos e corteses, compassivos e piedosos, haveria uma centena de conversões à verdade onde agora há apenas uma. Mas, professando sermos convertidos, carregamos conosco uma carga de orgulho que consideramos excessivamente preciosa para ser abandonada. É nosso privilégio depositarmos esse fardo aos pés de Jesus, assumindo em seu lugar o caráter e semelhança de Cristo. O Salvador está esperando que assim procedamos.

Cristo deixou de lado Sua vestimenta real, Sua real coroa e Seu elevado comando, descendo a níveis cada vez mais baixos, às maiores profundezas da humilhação. Assumindo a natureza humana, suportou todas as tentações da humanidade, e em nosso benefício derrotou o inimigo em todos os pontos.

Tudo isso realizou Ele a fim de conceder aos homens o poder necessário para se tornarem vitoriosos. Disse Ele: "É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra." Mateus 28:18. Essa mesma autoridade outorga Ele aos que O seguem. Devem estes demonstrar ao mundo o poder existente na religião de Cristo, para a conquista do eu.

Cristo orientou: "Aprendei de Mim, ... e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:29. Por que não aprendemos diariamente do Salvador? Por que não vivemos em constante comunhão com Ele, de modo que em nossos vínculos uns com os outros, possamos falar e agir bondosa e cortesmente? Por que não honramos o Salvador ao manifestarmos ternura e amor uns pelos outros? Se falarmos e agirmos em harmonia com os princípios do Céu, os descrentes serão aproximados de Cristo ao se associarem conosco.

A atitude de Cristo para com a nacionalidade

Cristo não fazia distinção de nacionalidade, classe social nem credo. Os escribas e fariseus queriam monopolizar todos os dons do Céu em favor da sua localidade e nação, com exclusão do restante da família no mundo inteiro. Cristo, porém, veio para derrubar todo muro de separação. Veio para mostrar que o dom da Sua misericórdia e amor, como o ar, a luz e a chuva que refrigera o solo, não reconhece limites.

Por Sua vida, Cristo fundou uma religião na qual não há classes sociais; judeus e pagãos, livres e servos são iguais perante Deus e reunidos por um vínculo fraternal. Nenhum exclusivismo influía em Seus atos. Não fazia distinção alguma entre compatriotas e estrangeiros, amigos e inimigos. O que Lhe atraía o coração era a pessoa sedenta da água da vida.

Não menosprezava ser humano algum, mas buscava tornar disponível o bálsamo de cura para toda e qualquer pessoa. Em qualquer companhia que estivesse, apresentava uma lição apropriada ao tempo e às circunstâncias. Todo desprezo ou ultraje que os homens infligiam aos seus semelhantes não fazia senão inspirar-Lhe o sentimento da mais viva necessidade da Sua simpatia divino-humana. Buscava incutir esperança no mais rústico e menos promissor dos homens, assegurando-lhes de que poderiam tornar-se irrepreensíveis e santificados, e adquirir o caráter de filhos de Deus.

Firme fundamento

"Portanto, irmãos", diz o apóstolo Pedro, "procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pedro 1:10, 11.

Há alguns anos, quando era muito pequeno o grupo de crentes na breve volta de Cristo, os observadores do sábado em Topsham, Estado de Maine, reuniam-se para o culto na ampla cozinha da casa do irmão Stockbridge Howland. Numa manhã de sábado, o irmão Howland estava ausente. Isso nos surpreendeu, pois ele costumava ser sempre pontual. Logo, porém, o vimos chegar com a face radiante, iluminada pela glória de Deus.

"Irmãos -- disse -- achei alguma coisa. Achei que podemos adotar uma norma de procedimento, a cujo respeito nos diz a Palavra de Deus: 'Nunca tropeçareis.' Vou dizer-lhes de que se trata."

Contou-nos, então, que notara que um irmão pescador pobre, pensava não ser tão estimado quanto merecia, e que o irmão Howland e outros se consideravam superiores a ele. Isso não era verdade, mas assim lhe parecia; e durante algumas semanas não comparecera às reuniões. Assim é que o irmão Howland foi à sua casa e, pondo-se de joelhos diante dele, disse:

Irmão, perdoe-me; que falta cometi eu?

O homem, pegou-o pelo braço, como querendo erguê-lo.

Não -- disse o irmão Howland -- que tem o irmão contra mim?

Nada tenho contra você.

Acho que alguma coisa deve haver -- insistiu o irmão Howland -- porque antes falávamos livremente um ao outro, mas agora você não me dirige mais a palavra, e eu quero saber o que há.

Levante-se, irmão Howland -- disse ele. Não -- respondeu o irmão Howland -- não quero. Então, eu é que tenho de me ajoelhar -- disse ele, caindo sobre os joelhos e confessando como fora infantil e a quantos maus pensamentos se havia entregue. -- Agora -- acrescentou -- afastarei de mim tudo isso.

Ao contar o irmão Howland essa história, tinha o rosto iluminado pela glória do Senhor. Nem bem havia terminado o seu relato, quando entraram o pescador e sua família, e tivemos uma reunião excelente.

Suponhamos que alguns de nós seguissem o procedimento adotado pelo irmão Howland. Se, quando os nossos irmãos suspeitam mal, fôssemos até eles, dizendo: "Perdoe-me se alguma coisa fiz para ofendê-lo", poderíamos quebrar o feitiço de Satanás e libertar os irmãos de suas tentações. Não permita que coisa alguma se interponha entre você e seus irmãos. Se alguma coisa há que pode ser feita, embora com sacrifício, para remover as suspeitas, faça. Deus quer que nos amemos uns aos outros como irmãos. Quer que sejamos compassivos e amáveis. Quer que nos habituemos a crer que nossos irmãos nos amam e que Jesus nos ama. Amor atrai amor.

Esperamos nós encontrar nossos irmãos no Céu? Se pudermos conviver com eles aqui vivendo em paz e harmonia, poderemos, então, com eles viver lá. Mas como poderemos com eles estar no Céu, se aqui não conseguimos viver sem lutas nem contendas contínuas? Os que seguem procedimento que os separa dos irmãos, e produz discórdia e dissensão, precisam de uma conversão radical.

É necessário que o nosso coração seja enternecido e subjugado pelo amor de Cristo. Devemos cultivar o amor por Ele demonstrado ao morrer por nós na cruz do Calvário. Temos de nos achegar sempre mais ao Salvador. Devemos orar mais e aprender a exercer fé. Precisamos de mais benignidade, compaixão e cortesia. Passaremos por este mundo uma única vez. Não nos esforçaremos por estampar o caráter de Cristo nas pessoas com quem convivemos?

Nosso coração endurecido precisa ser quebrantado. Precisamos formar uma unidade perfeita e reconhecer que fomos resgatados pelo sangue de Jesus Cristo de Nazaré. Diga cada qual para si: "Ele deu a Sua vida por mim, e quer que, ao passar eu por este mundo, revele o amor que Ele manifestou ao entregar-Se por mim." Cristo levou sobre a cruz os nossos pecados em Seu próprio corpo para que Deus seja justo e justificador de quem nEle crê. Há vida, vida eterna reservada para todos quantos se entregam a Cristo.

Eu quero ver o Rei em Sua formosura. Desejo ver-Lhe a beleza incomparável. Quero que também você O contemple. Cristo conduzirá os Seus remidos junto ao rio da vida e explicará tudo quanto lhes foi motivo de perplexidade neste mundo. Serão ali desvendados os mistérios da graça. Onde a sua mente finita só discernia confusão e fracassos, verão eles a mais perfeita e bela harmonia.

Sirvamos a Deus com todas as forças e todo o nosso entendimento. Nossa inteligência aumentará à medida que dela fizermos uso. A experiência religiosa será fortalecida à medida que pusermos mais religiosidade na vida diária. Galgaremos, assim, degrau a degrau a escada que leva ao Céu, até, por fim, passarmos do último e mais alto degrau diretamente para o reino de Deus. Sejamos cristãos neste mundo. Teremos, depois, a vida eterna no reino da glória.

A união existente entre os seguidores de Cristo constitui prova de que o Pai enviou o Seu Filho para salvar os pecadores. É uma testemunha do Seu poder; pois só o miraculoso poder de Deus pode harmonizar os temperamentos tão díspares dos seres humanos, e a todos inspirar o desejo de dizerem a verdade com amor.

As advertências e conselhos de Deus são claros e positivos. Ao lermos as Escrituras e vermos o poder para o bem que há na união, e o poder para o mal que produz a desunião, como poderemos deixar de receber no coração a Palavra de Deus? A suspeita e a desconfiança são como o fermento do mal. A união testifica do poder da verdade.